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Com atual ritmo, previsão da tancagem no Pecém é apenas para 2027
Economia

Com atual ritmo, previsão da tancagem no Pecém é apenas para 2027

O debate sobre o risco de operação com tanques de combustíveis em perímetro urbano foi retomado após explosão em Beirute
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PORTO do Mucuripe opera com armazenagem de combustiveis (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE PORTO do Mucuripe opera com armazenagem de combustiveis

O projeto de construção do parque de tancagem (armazenamento de combustível) no Porto Pecém sofreu com o impacto da pandemia. Os processos foram emperrados e a empresa vencedora do edital, a holandesa Vopak Brasil, que já opera tancagem no Porto de Santos, ainda está na fase de planejamento. Agora o prazo da entrega que era 2022 deve ficar para 2027. O POVO ainda apurou, com o Complexo do Pecém, que estudos de engenharia e operação estão sendo realizados pela empresa.

Recentemente, o processo de transferência do equipamento do Mucuripe para o Pecém entrou em evidência após explosão no Porto de Beirute, no Líbano, no último dia 4. Mas atualmente o que se discute é ter armazenagem nos dois portos. Porém, o debate sobre o risco da operação em perímetro urbano, que já dura mais de 20 anos, existe. Inclusive já houve incêndio, em 28 de julho de 1980, que destruiu tanques no Porto de Fortaleza, e foi considerado o maior que já aconteceu na Capital.

Porém, a presidente da Comissão de Direito Marítimo, Portuário, Aeroportuário e Aduaneiro da Ordem dos Advogados do Brasil Secção Ceará (OAB-CE), Rachel Philomeno, garante que, hoje, existem normativos que regulamentam e garantem a segurança da operação e minimizam o risco na tancagem do Mucuripe.

Rachel crê que desastre na mesma proporção ao acontecido na região portuária libanesa não aconteceria aqui. "Em Beirute houve uma atitude relapsa do governo local, que descumpriu as legislações vigentes, causando um acidente apocalíptico". Por enquanto, fica a expectativa sobre a tancagem nos portos. A previsão é que o licenciamento ambiental ocorra até o fim do ano.

Para o especialista nos setores de Combustível e Energia e presidente do Sindicato das Agências de Navegação Marítima e dos Operadores Portuários do Estado do Ceará (Sindace), Bruno Iughetti, o prazo mais factível com as obras sendo iniciadas em 2021, seria de entrega em cinco ou seis anos.

Bruno considera o prazo "muito otimista para o tipo de operação dessa envergadura". Vale lembrar que, há pouco mais de um ano, a Vopak Brasil foi a empresa vencedora do edital e houve entrave para o início do projeto, pois o consórcio Transpetro/BR/Liquigás entrou com recurso administrativo contestando a decisão, o que já foi resolvido.

A expectativa entre os setores é grande, pois, com a instalação do novo parque, haveria uma garantia de abastecimento e melhoria logística e operacional, com novos equipamentos de tancagem.

Heitor Studart, presidente do Conselho de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), diz que há uma demanda muito grande no Interior de distribuição que espera definição da nova tancagem, pois depende de combustível de outros estados.

Ele observa que a holandesa aguarda uma sinalização do Estado sobre a garantia de transferir a operação de empresas do Mucuripe para o Pecém. Mas ainda se discute uma operação conjunta.

"Já acho que deve se manter em paralelo (tancagem nos dois portos), para atender a demanda do querosene de combustível para o Aeroporto de Fortaleza. É fundamental colocar para funcionar o parque de tancagem no Pecém, pois, de cara, estimo que uns 30% do preço dos combustíveis devem ser impactados, já que mais de 60% do combustível que abastece o Ceará vêm por meio terrestre", avalia.

Ao O POVO, a Companhia Docas do Ceará (CDC), administradora do Porto do Mucuripe, afirma que a área operacional destinada ao descarregamento de combustível segue protocolos de segurança rígidos. O POVO tentou contato com a Vopak, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

 

Porto

Neste fim de semana, o embarque de 18 pás eólicas com destino aos Estados Unidos, a partir do Porto do Pecém, foi finalizado. Produzidos pela Aeris sob encomenda da alemã Nordex, as pás foram produzidas na área industrial do Complexo do Pecém. Cada uma mede 72,4 metros e pesa 22,9 toneladas.

 

O DESASTRE EM BEIRUTE

Uma explosão no Porto de Beirute, no Líbano, aconteceu no último dia 4, em um depósito que armazenava nitrato de amônio. O número de mortos passa de 180 e culminou numa crise política e econômica, com renúncia de ministros e premiê e fechamento da principal porta de entrada das importações do país.

Segundo as autoridades libanesas, a explosão foi causada por 2.750 toneladas do químico, que havia sido apreendido de um navio em 2013. Apesar de ser considerada uma carga perigosa, o nitrato de amônio ficou armazenado num contêiner até a explosão e as autoridades buscam o responsável pela negligência.

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