Muitas são as questões que estão atravessando a batalha travada pela empreendedora Letícia Lirian Nunes, de 23 anos, para manter o ateliê Lirian, criado há apenas oito meses, funcionando durante a pandemia. Uma era óbvia: durante o período de isolamento mais rígido, os clientes dos seus bordados sumiram.

Mas também havia a necessidade de tocar um negócio que ainda estava se estruturando, ao mesmo tempo em que conciliava com os afazeres domésticos; concluía, a distância, o último semestre da faculdade de Administração; ajudava a mãe nos cuidados com o pai, que contraiu a Covid-19; e as dificuldades de queda da renda da família como um todo. A mãe que trabalha com serviços financeiros e o pai mecânico também viram o faturamento cair no período.

Letícia Lirian conta que no início da pandemia a avó também descobriu que estava com câncer e, naquela época, era muito difícil encontrar máscaras para usar porque o produto estava esgotado em muitos pontos de venda em Fortaleza. Então, ela fez uma para a avó e decidiu redirecionar o ateliê para este tipo de produção. "Era algo que muita gente estava precisando. E realmente foi um alívio. Em muitos momentos eu fui a maior renda em casa e até minha mãe passou a me ajudar no ateliê".

A jornada de trabalho era extensa, em vários dias, ia das 8 às 22 horas. Hoje, a procura por máscaras já não é mais a mesma, mas a demanda por seus outros produtos, aos poucos, está voltando. Também lançou uma coleção de brincos, fez a capa de um EP, toda em tecido e bordado, para um músico, o que está gerando outras frentes de trabalho. "A pandemia está sendo um desafio duro, mas também uma oportunidade para eu me conhecer mais enquanto empreendedora, além de artesã, para lidar com as adversidades".