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Preço do arroz aumenta 33,3% na Ceasa e quilo é vendido por R$ 4,30
Economia

Preço do arroz aumenta 33,3% na Ceasa e quilo é vendido por R$ 4,30

Em Fortaleza, onde os alimentos ficaram 6,1% mais caros de janeiro a agosto deste ano, o arroz acumula alta de 22,60%, segundo dados do IPCA, índice do IBGE que mede a inflação do País
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Em Fortaleza, onde os alimentos ficaram 6,1% mais caros de janeiro a agosto deste ano, o arroz já subiu 19,2% (Foto: Aurelio Alves/ O POVO)
Foto: Aurelio Alves/ O POVO Em Fortaleza, onde os alimentos ficaram 6,1% mais caros de janeiro a agosto deste ano, o arroz já subiu 19,2%

O arroz se tornou o "vilão" da cesta básica do brasileiro. Nas Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa), de julho para agosto, o preço médio do quilo do produto passou de R$ 3,30 para R$ 4,30, aumento de 33,3%. Em Fortaleza, onde os alimentos ficaram 6,1% mais caros de janeiro a agosto deste ano, o arroz acumula alta de 22,60%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mede a inflação do País.

Assim como ocorre com outros alimentos no País, a inflação do arroz está ligada à valorização do dólar em relação ao real, algo que incentiva as exportações e, consequentemente, diminui a oferta dos produtos no mercado interno.

"O consumo continua crescente porque parte das famílias permanece em casa e a população está pagando preços elevados pelos produtos, que devem permanecer com preços elevados por este mês e o próximo. Agora devemos esperar por uma nova safra, novos produtos no mercado e equilíbrio na economia", diz Odálio Girão, analista de mercado da Ceasa.

Considerando os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, Fortaleza registrou deflação de 0,23% em agosto. No ano, porém, os preços acumulam aumento de 1,32% e de 2,80% nos últimos 12 meses. No Brasil, os números são 0,24%, 0,70% e 2,44%, respectivamente.

Além do arroz, os preços de outros produtos também subiram consideravelmente na Ceasa, a exemplo da farinha (45,8%), óleo de soja (23,5%), carne bovina (12,5%), feijão-de-corda (11,5%), queijo (9%), carne suína (7,7%) e leite (7%).

As famílias brasileiras voltaram a gastar mais com alimentos no mês de agosto. Os produtos para consumo no domicílio tiveram alta de 0,38% em agosto. Os principais itens que influenciaram essa elevação foram óleos e gorduras (4,66%), carnes e peixes industrializados (3,44%), e cereais, leguminosas e oleaginosas (2,83%). Outro alimento básico, o feijão-de-corda já tem inflação de 41,02% no ano.

Os alimentos para consumo em casa passaram de aumento de 0,14% em julho para avanço de 1,15% em agosto. Embora o Brasil esteja colhendo uma safra recorde de grãos em 2020, alguns itens estão mais caros para o consumidor doméstico.

Segundo Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, o câmbio mais alto estimula as exportações e reduz a oferta de produtos no mercado doméstico "porque com dólar alto é interessante para o produtor exportar. E o auxílio emergencial ajudou a sustentar preços de alimentos, especialmente arroz e feijão, produtos mais básicos", analisa.

O presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Gerardo Vieira, garante que não vai faltar arroz nas prateleiras, embora a oferta do item esteja menor. Hoje, os distribuidores estão vendendo a mercadoria por R$ 150, aumento de 114%, conta. "Estamos trabalhando, assim como a maioria, com estoque regulador. Nosso estoque está de acordo com a atual demanda do consumidor, mas não estamos conseguindo comprar o produto com facilidade dos fornecedores, que são 90% do Rio Grande do Sul".

Impacto nos supermercados

Quanto à possível limitação da venda de arroz nos supermercados do Ceará, algo que já está ocorrendo em São Paulo, por exemplo, Gerardo diz que dificilmente isso acontecerá no mercado local. Porém, chama atenção para os "espertalhões", que, de acordo com ele, são pequenos comerciantes que se aproveitam de preços abaixo do custo para ganhar mais com a revenda dos produtos.

Ontem, o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto, se encontrou com o presidente. Ele adiantou que deve ser iniciada uma campanha para que o brasileiro substitua o arroz por macarrão. "Vamos estar promovendo o consumo de massa".

Já a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que o governo não fará nenhum tipo de intervenção nos preços dos principais alimentos da cesta básica brasileira. (Com Agência Estado)

 

VARIAÇÃO DE PREÇOS NA CEASA

Agosto

Farinha 45,8%

Arroz 33,3%

Óleo de soja 23,5%

Carne bovina 12,5%

Feijão de corda 11,5%

Queijo 9%

Carne suína 7,7%

Leite 7%

O arroz acumula uma alta de 19,25% no ano de 2020.

Fonte: Ceasa

COBRANÇA

Ainda ontem, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça, notificou empresas e associações cooperativas ligadas à produção, distribuição e venda de alimentos da cesta básica para questionar a alta nos preços dos produtos. De acordo com o documento, todos terão cinco dias para responder aos questionamentos.

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