Após minguar quase metade da produção industrial no pico da crise, o Ceará figura com taxa positiva das atividades de 98,20%. Em abril, o percentual chegou a 51%, mas teve início a trajetória de recuperação nos meses seguintes. Na comparação de julho com junho, a alta foi de 34,5%, a maior do País.
Os dados, divulgados ontem, são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O acumulado de janeiro a julho, porém, registra queda de 18,2%, afetada pela paralisação devido às medidas de isolamento social.
O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-CE), Raul dos Santos, atribui o resultado à diversificação econômica local. "Não somos dependentes de um segmento específico. Além disso, temos nomes do mercado nacional com sede aqui, como a M. Dias Branco, Três Corações e Pague Menos", avalia.
Raul aponta que o hub tecnológico e entrada da Port of Rotterdam, administradora do porto holandês de Roterdã, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), estimulam a presença dos negócios. "A gente tem como exemplo a Aeris, fabricante de pás eólicas, que está sediada no Pecém. É uma grande empresa e que deverá abrir capital em breve", exemplifica.
Outro ponto, acrescenta, é que as contas públicas equilibradas. "Vários outros estados estão extremamente comprometidos neste aspecto. E isso tem atraído novas oportunidades e os próprios industriais se sentem mais confiantes em fazer novos investimentos", observa.
O assessor de Investimentos da M7 Investimentos, Thomaz Bianchi, reitera. "O Ceará surpreendeu positivamente o mercado. Quase todos os setores de produção industrial puxaram o índice, principalmente, a construção civil", explica. "Esse crescimento ajudará a reduzir o desemprego e, também, na geração de renda. É um bom sinal de que as coisas estão retornado", complementa.
Já a analista de finanças corporativas da Arêa Leão, Thaís Cattani, pondera que base de retomada estava abaixo dos outros estados, quando examinada a variação percentual do acumulado do ano (janeiro a julho). No somatório, houve queda de 18,2%, enquanto o Brasil esteve com 9,6%. "Ou seja, tivemos crescimento de 34,5% em julho ante junho, mas estamos em uma base abaixo do nível nacional. Isso significa que há um caminho maior para a reaver. Portanto, será natural observarmos níveis maiores", observa.
Ela destaca que a retomada dependerá do estímulos à economia. Entre eles, o auxílio emergencial, que repercute na saída de bens e consumos, em curto prazo, e os investimentos darão sustentabilidade para o futuro.