Planos de construção de usinas eólicas offshore na costa cearense, vista com enorme potencial de produção de energia, não são novidades. No entanto, a aprovação de licenças para construção ainda parecem distantes, apesar dos projetos terem evoluído nos últimos anos.
Em comum, os projetos mais evoluídos tem a preocupação em ter emissão zero de poluentes. O que vem pesando são os impactos ambientais, sociais das comunidades, assim como o turismo.
Projeto mais adiantado, o Parque Eólico Offshore Caucaia, da BI Energia, com 598 (megawatts) MW, 48 turbinas no mar e 11 turbinas semioffshore, foi reprovado recentemente. Entre os motivos, o Ibama destaca a falta de alternativas para controlar a erosão das praias, problemas em áreas portuárias e vias de acesso.
O geólogo, doutor em Geografia pela Universidade de Barcelona e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles, participou do parecer e diz que, mesmo com as flexibilizações ambientais do Governo Federal, os estudos não estão maduros.
"Os projetos ainda estão longe de atenderem os requisitos sociais e ambientais das comunidades impactadas. Os problemas estão sempre associados à falta de atenção aos impactos ambientais e sociais, em relação à fauna marinha e dinâmica dos sedimentos, que são fatores que precisam ser levados em consideração".
Outra questão fica por conta do turismo. Uma das principais fontes de riquezas nas cidades que abrigariam usinas são os resorts. O ruído das turbinas é fator que desagrada. Arialdo Pinho, titular da Secretaria do Turismo do Estado (Setur), diz que é preciso "buscar equilíbrio" na discussão. "Acho que, dependendo da distância que tiver da costa, não existe problema. Desde que eles não sejam vistos da costa". (Samuel Pimentel)