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Alta dos preços da alimentação pressiona restaurantes
Economia

Alta dos preços da alimentação pressiona restaurantes

| Custos |Saindo da crise após meses fechados, empresários se veem em dilema de aumentar ou não os preços, vista as recentes altas de produtos básicos da cesta
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Info alta de alimentos (Foto: Italo Furtado)
Foto: Italo Furtado Info alta de alimentos

Desde a retomada das atividades dos restaurantes, o setor tem caminhado a passos lentos. O temor do consumidor fez com que as salas não tivessem o movimento esperado e o faturamento ainda está entre 50% e 60% do volume do ano passado, segundo cálculo do Sindicato de Restaurantes, Bares, Barracas de Praia, Buffets e Similares do Estado de Ceará (Sindirest).

 O cenário atual para o setor se mostra crítico: saindo da crise após meses fechados, lotação abaixo da esperada e aumento de preços dos ingredientes dos pratos, os empresários se veem no dilema de aumentar ou não os preços. Mas, de acordo com o presidente do Sindirest, Dorivam Rocha, os preços devem se manter.

Dorivam diz que o custo dessa decisão é pesado para os empresários, que desde a volta das atividades, têm apostado em promoções para atrair o público para os restaurantes. "Para os restaurantes a situação só complica, pois estamos em um período de baixa demanda, já que o consumidor está indo menos aos estabelecimentos."

Ele continua, afirmando que a queda do faturamento mensal, na comparação com o mesmo período do ano passado, é difícil, pois o setor já vinha em crise desde 2017 e a base de comparação já era fraca. "Poucos estabelecimentos se sobressaem, seria um entre cem. Imagine o desemprego que está sendo gerado com essa situação: baixa demanda e alta dos preços dos produtos. Vem como um tiro de misericórdia para muitos empresários do setor". A alta deve fazer com que mais estabelecimentos fechem as portas, finaliza.

O economista Gilberto Barbosa explica que, com a economia em recessão, as empresas têm dificuldade de repassar custos para não perder clientela, o que vem diminuindo ainda mais a rentabilidade dos negócios, gerando um risco relevante de quebra se o período de alta for estendido.

"Esse aumento de preços não está acontecendo somente em alimentos, mas as empresas estão sofrendo com os fornecedores. A alta do dólar e das commodities afetam ainda mais o atacado, que está incapaz de repassar preços", analisa.

Segundo os dados acumulados do índice de inflação calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as altas dos produtos neste ano estão bem acima da média geral. Alimentação tem alta acumulada de 6,1%, sendo puxada pelas altas dos itens que compõem a alimentação no domicílio (7,7%), já que as pessoas passaram pelo período de isolamento social.

A inflação sobre a alimentação fora do domicílio pesou menos (1,53%), mas está numa crescente, desde a reabertura das atividades. Essas altas fizeram até mesmo algumas redes de supermercados limitarem a quantidade de produtos vendidos a um mesmo cliente. O feijão foi limitado a 10 kg, óleo de soja (cinco unidades) e leite longa vida (24 unidades).

O presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Gerardo Vieira, até afirmou na semana passada que os comércios devem segurar as ofertas com preço de custo, adotando esse "estoque regulador" para coibir a ação de "espertalhões" que compram os produtos para revender mais caro.

Taiene Righetto, diretor da Abrasel-CE
Taiene Righetto, diretor da Abrasel-CE

TAIENE RIGHETTO

O aumento da inflação não surpreendeu os empresários, mas o diretor-executivo da Abrasel, Taiene Righetto, destaca que a luz de alerta foi acesa, pelo fato de os restaurantes terem ficado meses fechados. "Nesse momento, a impressão que temos é que os fornecedores de matéria-prima querem recuperar todas as suas perdas de uma vez, o que prejudica o nosso setor de forma monstruosa".

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