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Quase 500 pessoas não conseguem fazer perícia médica no INSS em Fortaleza
Economia

Quase 500 pessoas não conseguem fazer perícia médica no INSS em Fortaleza

Problema gerou reclamações, filas nas portas das unidades e segurados retornando para casa sem atendimento no primeiro dia de retorno das atividades presenciais
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Retorno das atividades no INSS (Foto: luciana pimenta)
Foto: luciana pimenta Retorno das atividades no INSS

Cinco serviços do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) retornariam presencialmente mediante marcação prévia, mas o principal, o de perícia médica, foi suspenso e prejudicou 497 pessoas da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) apenas no primeiro dia de retorno às atividades presenciais. Isso gerou reclamações, filas nas portas das unidades e segurados retornando para casa sem atendimento. Não existe previsão para a retomada das perícias.

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O retorno de atividades do INSS no Ceará ocorre de forma parcial. Na RMF, abriram as unidades dos bairros Centro, Aldeota, Messejana, Parquelândia, Água Fria (Agência Fortaleza-Sul), e em Caucaia. No Interior, foram outras 38 unidades. O horário de atendimento ficou das 7 às 13 horas. Ontem, o serviço mais realizado foi o de complementar documentos em pedidos de benefícios que estão aguardando conclusão.

Em resposta, o INSS esclarece que os requerentes de benefícios estão recebendo a antecipação de um salário mínimo enquanto as perícias não eram regularizadas desde o início da pandemia. "A perícia presencial é para receber a diferença de valor para quem contribui acima do salário mínimo ou não optou por enviar o atestado de forma online pelo aplicativo Meu INSS (forma ainda disponível) ou ainda para concluir a análise de BPC (Benefício de Prestação Continuada) ao deficiente (cujos requerentes que aguardam estão recebendo antecipação de R$ 600 por mês). Ambas as antecipações vão até 31 de outubro".

Com a suspensão, retomaram apenas os atendimentos de Serviço Social, Reabilitação Profissional, defesa de Monitoramento Operacional de Benefícios, Justificação Administrativa, e ainda o Cumprimento de Exigências escaneada na Agência com autenticação de um servidor.

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A diretora Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Trabalho, Previdência Social no Estado do Ceará (Sinprece), Rachel Ribeiro, esclarece que os peritos não pertencem ao quadro do INSS e sim ao Ministério da Economia. O motivo para que os profissionais não retomassem às atividades foi a falta de garantias de segurança sanitária. "As instalações não são adequadas. Como consultórios sem condições mínimas, salas muito pequenas ou sem pias para os médicos. São situações que a gente gostaria que tivesse uma vistoria".

Ela ainda reclama que há um déficit de funcionários no INSS que acaba prejudicando o atendimento ao público que fez fila na porta das unidades. O Sinprece estima que de 10% e 20% dos servidores estão no atendimento presencial, tanto que falta gente inclusive para dar informações. Rachel ainda reforça que 90 de 96 serviços estão sendo oferecidos pela internet ou telefone, aumentando a produtividade dos servidores na pandemia.

O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), suspendeu a reabertura de agências do INSS no Estado de São Paulo por falta de garantia. Já no Rio de Janeiro, servidores denunciam estrutura deficitária e que falta sabão. Em Fortaleza, o Sinprece diz que o álcool em gel oferecido ao público é uma doação da associação de servidores.

Para João Ítalo Pompeu, presidente da Comissão de Direito Previdenciário e Assistência Social da OAB-CE, a decisão judicial de suspender reabertura pode ser considerada uma ação temerária, pois existem outros serviços essenciais que são feitos presencialmente.

"De fato, existem muitos serviços que precisam ser presenciais. E nossa realidade no Ceará, em especial, de população mais humilde, deixa mais difícil a comunicação por meios eletrônicos e complica a solicitação de benefícios para muitos segurados", observa.

O POVO solicitou ao INSS informações sobre a fila de espera para concessão de benefícios como aposentadoria e auxílio-doença, mas não recebeu retorno até o fechamento da edição.

Alternativas

Ontem, após a negativa de retorno dos peritos, o INSS confirmou que vai manter o serviço de Exigência Expressa. Isso é uma espécie de urna em que os beneficiários entregam documentos complementares para análise dos requerimentos após agendamento por telefone ou app. O envelope deve ser identificado na parte externa com nome completo, CPF, endereço, número do protocolo de agendamento da Exigência Expressa, telefone e e-mail.

Para que seja aceito, os papéis entregues não podem ser originais, mas cópias que não precisam ser autenticadas em cartório, legíveis e sem rasuras. Todos os documentos são escaneados e inseridos no sistema para análise.

De acordo com o INSS, o serviço ainda pode ser feito anexando escaneamentos pelo app Meu INSS (criado a partir de março no início da pandemia); ou ainda escaneando numa agência com autenticação de um servidor.

Para além dessas opções, o presidente de comissão da OAB-CE lembra que um advogado consegue dar entrada no benefício sem ir nas agências do INSS, de forma precisa, rápida e segura, principalmente para os que estão no grupo de risco.

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