A busca por investidores interessados em montar uma refinaria no Ceará é antiga. Desde a década de 1950, os gestores públicos já se mobilizavam para atrair este tipo de empreendimento. E não é apenas o investimento direto de R$ 4,2 bilhões da construção da refinaria ou o impacto imediato no mercado de trabalho que interessa ao Ceará.
A abertura de novos nichos econômicos, formação de profissionais em novas áreas, solução de gargalos logísticos e transbordamento que pode ter para outros setores são outros pontos avaliados como importantes, explica o titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Maia Júnior.
Ele cita como exemplo o efeito que a instalação da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) teve na economia cearense. Não apenas nos indicadores econômicos, mas na formação de capital humano. E lembra que, por conta da siderúrgica, foram instalados, no Pecém e arredores, escola profissionalizante, unidade do Instituto Federal do Ceará (IFCE), além de um novo leque de pesquisas e formações profissionais na Universidade Federal do Ceará (UFC).
"Essa é, inclusive, uma vantagem competitiva do Ceará, porque temos condições de formar mão de obra especializada para atuar na área de petróleo e gás, além de trazer novos cursos para atender a demanda de formação que for necessária", diz.
Na avaliação do consultor em petróleo e energia, Bruno Iughetti, a atração de uma refinaria pela Noxis Energy é relevante, principalmente, em relação aos desdobramentos que pode ter tanto para atração de novos navios ao porto, como pela possibilidade da produção se desdobrar no futuro para outros tipos de combustíveis.
"Nós torcemos para que a construção dessa refinaria se concretize, sobretudo, em relação às etapas seguintes, de processamento de gasolina e diesel. Porque esses são gargalos que temos hoje em termos de abastecimento no Estado", afirma.
Ele reforça que uma refinaria também tem potencial de dinamizar a economia local e desenvolver outras etapas da cadeia produtiva de abastecimento. Iughetti explica, no entanto, que as dificuldades para atrair este tipo de empreendimento ocorrem, principalmente, em razão dos riscos desse tipo de negócio.
"As refinarias, no mundo todo, são unidades que oferecem baixo retorno do capital investido, então, é preciso analisar com muito cuidado. Por isso, é tão difícil tirar esses projetos do papel", alerta.