Foi em julho, mês tradicionalmente de alta estação para o turismo no Ceará, que a média da tarifa aérea doméstica real (atualizado pela inflação) atingiu o seu menor valor desde o início do ano no Estado, R$ 287,18, por conta da crise de Covid-19. Queda de 37,28% em relação a igual mesmo mês de 2019, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). No Brasil, o recuo foi ainda maior (38,88%) e o valor médio ficou em R$ 263,07.
De modo geral, os preços começaram a recuar com a pandemia, o que fez com que a média do valor das passagens aéreas no Estado, de janeiro a julho, ficasse em R$ 373,44. O valor é 8% abaixo da média constatada nos sete primeiros meses de 2019.
Já o yield tarifa aérea médio, indicador que mede o preço pago pelo passageiro por quilômetro voado, caiu 14,3% na mesma base de comparação, para R$ 0,21.
O professor do Departamento de Engenharia Aeronáutica da Escola de Engenharia de São Carlos da USP (EESC-USP), James Waterhouse, explica que a queda na média no valor da tarifa aérea real é fruto das estratégias traçadas pelas companhias para tentar trazer de volta o consumidor.
"Voar com assentos vazios é prejuízo, então, as aéreas vão fazendo promoções até que demanda aumente. Até porque, se uma rota é reaberta, significa que ela tem que ser mantida com regularidade, no mesmo horário. Faturar pouco é melhor que nada, essa é a lição", diz. Mas a tendência é que, conforme a demanda for se estabilizando, os preços também subam. "Os preços não devem se manter neste patamar".
Ele também reforça que, apesar de o fluxo de passageiros estar crescendo mês a mês, o que justifica o aumento dos voos, o faturamento ainda está distante de garantir a recuperação das empresas. "A dívida acumulada das aéreas não é pequena. As companhias se endividaram de forma muito agressiva e a crise está longe do fim. Muitas talvez nem consigam pagar seus débitos. Se os credores forem intransigentes, há risco, sim, de algumas empresas quebrarem".