A expectativa é que, com o apoio do Governo Federal, o licenciamento ambiental sobre usinas de extração de urânio no Brasil seja destravado. O projeto da Usina Itataia aguarda desde o início dos anos 2000 a liberação e, agora, enviando ao Ibama o terceiro projeto ambiental, o Consórcio Santa Quitéria espera outro desfecho. Os estudos ambientais iniciam até o fim do ano e, em 2021, a meta é concluir todo projeto base e estrutura financeira e societária.

O presidente do Sindicato da Indústria de Mármores e Granitos do Estado do Ceará (Simagran-CE), Carlos Rubens Alencar, diz que, para o segmento, é importante "desfazer o mito" sobre a extração de fosfato e urânio no Ceará como sendo de alto risco, como o beneficiamento de urânio, que é uma atividade nuclear.

"O objetivo do que está sendo tratado é um projeto para extrair o fosfato, que é um dos poucos bens minerais que o Brasil é um importador. Mas no processo de beneficiamento seria retirado o urânio do fosfato e entregue para a indústria nuclear (que não fica no Ceará)", complementa.

Ainda com poucos detalhes além da citada melhoria no projeto quanto ao uso e reúso da água, a pesquisadora do Núcleo Trabalho, Meio Ambiente e Saúde da Universidade Federal do Ceará (Tramas-UFC), Talita Furtado, pondera que a rejeição do projeto anterior, em 2019, foi um conjunto de fatores, que além da água, incluía a falta de plano para o patrimônio arqueológico da região para construção de uma barragem de rejeitos que não sabe a tecnologia a ser utilizada.

"A nossa crítica sobre o empreendimento é que tipo de modelo de economia que estamos estimulando. Que oferece riscos à saúde para os trabalhadores da jazida e moradores locais", diz Talita. E complementa: "Lembrando que o urânio é uma partícula cancerígena. Queremos que isso seja amplamente debatido pela sociedade para a tomada de decisão. Mas, (esse é) um empreendimento em que por diversas vezes foi apontada a sua falta de sustentabilidade".