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24 mil novos negócios surgiram durante a pandemia no Ceará
Economia

24 mil novos negócios surgiram durante a pandemia no Ceará

A dificuldade do sustento e o desemprego, além das novas possibilidades de negócios, fizeram com que o empreendedorismo crescesse
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Total de pessoas com rendimento de trabalho recuou de 92,8 milhões para 84,7 milhões (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR Total de pessoas com rendimento de trabalho recuou de 92,8 milhões para 84,7 milhões

O desemprego, necessidade de uma fonte de renda para garantir o ganha-pão e, também, novas demandas de mercado levaram 340 mil pessoas a abrir uma empresa neste ano, no Ceará. Somente no período da pandemia, de abril a setembro último, 24 mil trabalhadores se tornaram microempreendedores individuais. Os dados constam no Portal do Empreendedor.

No País, foram 10,9 milhões de registros, sendo 1,1 milhão entre fevereiro e o último mês. Somados aos mais de 7,5 milhões de micro e pequenos, o setor representa 99% dos negócios privados e 30% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos).

A crise do novo coronavírus empurrou alguns para o empreendedorismo, mas esse já era um movimento em ascensão nos últimos anos no Brasil e no Estado. Em 2015, eram 180,7 mil cidadãos à frente do empreendimento próprio no Ceará. O número foi crescendo a cada ano, totalizando 215 mil em 2016 e 241 mil em 2017. Em 2018, houve leve queda de 1,30% (238 mil), mas a curva de crescimento retomou em 2019 (286 mil).

O professor de Economia Ecológica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Aécio Alves de Oliveira, aponta que o processo de crise ocorre desde 2014 e foi acentuado no ano passado e, consequentemente, ainda mais diante de um cenário pandêmico. "O desemprego elevado faz com que as pessoas se virem e faz com que a chamada economia criativa funcione para encontrar oportunidades que gerem uma renda para o sustento. O trabalhador não pode se dar ao luxo de esperar o dinheiro cair na conta, tem de correr atrás", afirma. "Mas é preciso cuidado, pois em muitos casos há um modismo em torno do assunto", pondera.

O economista Sérgio Melo acrescenta que alguns trabalhadores que perderam renda encararam o empreendedorismo. "Nesse momento, veio a necessidade, mas nem todos têm essa veia. Aqueles que decidiram alçar voos individuais saberão daqui um ano se devem continuar ou se buscarão recolocação no mercado de trabalho", analisa.

A assessora executiva do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-CE), Alice Mesquita, destaca que, antes de abrir um estabelecimento, é necessário pesquisar sobre o assunto, identificar a oportunidade e estudar como transformar a ideia em um modelo viável.

Outro ponto importante para quem vai iniciar essa trajetória é a formalização do negócio. O MEI tem mais credibilidade para vender para os clientes. Quando o empreendedor tem o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), é visto de uma forma diferente pelos clientes e na hora de buscar crédito juntos aos bancos. tendo a possibilidade de conseguir linhas mais baratas específicas para sua necessidade. Outro ponto é poder emitir nota fiscal", enumera. Dentre outras vantagens, está a garantia de benefícios como aposentadoria por idade e invalidez, salário-maternidade e auxílio doença. (Com Agência Brasil)

 

FORTALEZA, CE, BRASIL, 05.10.2020: Jacqueline Mendes. Empreendedora, abriu empresa de joias online durante a pandemia. em época de COVID-19.  (Foto: Aurelio Alves/ O POVO).
FORTALEZA, CE, BRASIL, 05.10.2020: Jacqueline Mendes. Empreendedora, abriu empresa de joias online durante a pandemia. em época de COVID-19. (Foto: Aurelio Alves/ O POVO).

Empreender

ALTERNATIVA

Demitida em 2018 ao retornar da licença-maternidade, Jacqueline Mendes Pinheiro Braga, 35, passou os últimos dois anos dedicada a cuidar dos filhos. Há três meses, enxergou no empreendedorismo a possibilidade de se realizar profissionalmente e com a maternidade. O boom do e-commerce foi a oportunidade para estar à frente do negócio próprio, a loja virtual de joias de prata Urze Flor (@urze.flor). "Comecei com a venda para amigos próximos e fui ampliando", lembra. Jacqueline conta que fez uma pesquisa de mercado e fornecedores, incluindo locais e de outros estados. O dinheiro das vendas está sendo destinado em capital de giro para a compra de produtos de qualidade. "Meu objetivo era trabalhar com algo que me desse prazer e fosse prático para eu conseguir trabalhar com as três crianças", diz. "Tem sido prazeroso e me ajudado a recuperar a autoestima, além do aspecto financeiro", relata.

 

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