Depois da alta do arroz, entidades do setor da construção têm alertado o Governo sobre o efeito que o aumento nos preços dos materiais podem ter sobre a inflação. Tijolo e cimento, por exemplo, já subiram, respectivamente, 16,86% e 10,67% no acumulado de janeiro a agosto, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), a inflação oficial, não passou de 0,7% no período.
Em documento entregue no último dia 14 à Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade, do Ministério da Economia, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) relatou que estariam ocorrendo abusos no aumento do preço de materiais de construção durante a pandemia, com demonstrativo de causas e consequências para os aumentos e para o desabastecimento.
"Com a insegurança inicial gerada pela pandemia, em março, foi gerado um falso desabastecimento, que foi sendo aproveitado pelos fornecedores para recuperar preços. Se não houver um choque de oferta urgente, a memória inflacionária irá criar um caminho sem volta para a nossa economia", afirmou o presidente da CBIC, José Carlos Martins, à época.
De acordo com a entidade, se este cenário de alta persistir, além da alta no preço dos imóveis, poderá haver uma série de consequências, como desemprego, aumento do custo das obras públicas e dificuldades para viabilização do programa Pró-Brasil, criado para impulsionar obras em infraestrutura.
Para conter a alta nos preços do arroz, após este item subir mais de 20% nos supermercados, o Governo Federal anunciou o corte no imposto de importação sobre 400 mil toneladas do produto.