A Rede D'Or, que no Ceará tem o Hospital São Carlos, decidiu buscar capital no mercado de ações. Em comunicado relevante, o grupo informou que deu entrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para o registro de oferta pública de distribuição primária e secundária de ações. A expectativa é levantar até R$ 10 bilhões na oferta primária.
Se conseguir isso, vai superar a estreia do grupo maranhense Mateus, que levantou R$ 4,63 bilhões, na semana passada. Foi o maior IPO (oferta inicial de ações) de uma empresa do Nordeste. Nos planos de expansão da rede supermercadista, forte no atacado e varejo na Região, está a negociação para entrada no mercado cearense, conforme adiantou o blog do Jocélio Leal, no último dia 18.
A Rede D'or, no documento enviado ao mercado, na última sexta-feira, 9, também informou que pediu à CVM conversão de registro, da categoria B para a categoria A. O objetivo é ingressar no Novo Mercado da B3, que reúne as empresas com maior padrão de governança.
A entrada do grupo no mercado de ações tem gerado muita expectativa. Não só por ser a maior rede hospitalar do País, mas também pela escalabilidade que o setor oferece, avalia o economista Sérgio Melo.
"E por tudo o que já fizeram no passado e podem fazer no futuro, o comprometimento, resultados e isso está fazendo com que o mercado se sinta seguro em investir em atividades dessa natureza. Tem escalabilidade grande, sem dúvida é uma grande oportunidade para quem investir neste tipo de papel".
No Nordeste, além do hospital São Carlos, em Fortaleza, a rede também detém hospitais em Pernambuco, na Bahia, no Maranhão e em Sergipe. São 52 hospitais, mais de 45 clínicas oncológicas, 8,3 mil leitos, 51,3 mil colaboradores e 87 mil médicos credenciados.
Com a abertura de capital, o grupo vai se somar a outras empresas do ramo da saúde como Hapvida, NotreDame Intermédica e SulAmérica e a operadora dental OdontoPrev. Também fazem parte da bolsa brasileira os laboratórios Alliar, Dasa, Fleury e Hermes Pardini e a administradora Qualicorp.
Sérgio Melo afirma que com a taxa de juros em patamar tão baixo, 2%, será cada vez mais comum as empresas irem buscar no mercado de ações recursos para seguir crescendo. "Nós vamos ter ainda muitas surpresas pela frente. Este momento de baixíssima taxa de juros para remuneração de aplicações financeiras está empurrando estes investidores para o mercado de capitais não só em emissões primárias, que são aplicações direta na empresa, como a venda de participações no mercado secundário. É uma enorme oportunidade que está se abrindo".
No dia 2 de setembro, a cearense Pague Menos, terceira maior rede de varejo farmacêutico do País, estreou na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) captando R$ 746 milhões, principalmente, de investidores estrangeiros. Além dela e da Hapvida, outras cearenses que estão no mercado de ações são o grupo M. Dias Branco, na B3, e a Arco Educação, na Nasdaq.