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Economia do Ceará cresce acima da média nacional
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Economia do Ceará cresce acima da média nacional

Em agosto, o Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR-CE) subiu 1,82%, em comparação com o mês anterior, segundo o Banco Central
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Atividade economica em 2020 (Foto: luciana pimenta)
Foto: luciana pimenta Atividade economica em 2020

Pelo quarto mês consecutivo, a economia cresceu no Ceará. O Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR-CE), considerado a prévia do PIB, subiu 1,82% em agosto, em comparação com o mês anterior. Os dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que o Estado vem reagindo em ritmo acima da média do Nordeste (1,09%) e do Brasil (1,06%).

Foi o melhor resultado para um mês de agosto desde 2016. Em comparação a igual mês de 2019, a alta no Estado é de 0,66%. No acumulado do ano, no entanto, a série com ajuste sazonal aponta para uma queda de 3,24% e uma retração de 1,20% em doze meses.

O IBCR serve como parâmetro para o Banco Central avaliar o ritmo da economia ao longo dos meses e tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic. O indicador incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos.

No caso do Ceará, os indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que apesar de todos os setores ainda estarem no vermelho no acumulado do ano, a recuperação econômica mês a mês tem sido mais forte no comércio e na indústria. Em agosto, por exemplo, houve alta de 8,1% e 5,3%, respectivamente, em relação ao mesmo mês de 2019.

Já o volume de serviços ainda tem um caminho mais longo a percorrer. Está 17,6% menor do que em agosto do ano passado, segundo a mais recente Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE.

De modo geral, no Nordeste, a média dos estados no acumulado do ano é de queda de 3,20%. Em doze meses, teve variação negativa de 1,77%. Já o índice de atividade econômica do Brasil (IBC-BR) foi negativo em 5,44% de janeiro a agosto e, em doze meses, a queda é de 3,09%.

O economista do Observatório da Indústria do Ceará, David Guimarães, explica que, na pandemia, o Estado tem uma perda acumulada maior a ser recuperada em função do surto considerável da doença em março e abril e das políticas de isolamento adotadas, que foram mais rígidas que em outros estados. Porém, a melhora dos indicadores sanitários tem possibilitado avançar com maior rapidez no processo de retomada.

"Na medida em que existe essa percepção dos agentes de que a doença está razoavelmente estável no Estado, as pessoas e empresas ficam menos inseguras para investir, consumir e restabelecer estoques. Reduz a incerteza, por exemplo, de que mais lá na frente tudo precisará ser fechado novamente", afirmou.

Para ele, mais até do que o percentual de alta é importante a consistência da subida. "Mês a mês os resultados vêm sendo acima da média nacional, o que é muito animador".

Ele pondera, porém, que é preciso atenção ao reflexo que o fim das medidas emergenciais, como o pagamento de R$ 600, previsto para dezembro, pode ter na trajetória de retomada da economia. "O auxílio emergencial tem sido fundamental para manutenção da renda de muitas famílias, mas também para recuperação da economia, principalmente, o varejo. Então é algo a ficar atento".

O mestre em Economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Gregório Matias, cita ainda a continuidade do controle da doença. "O que permitirá à economia seguir operando. Depois disso, acredito que o controle total da doença, mediante uma vacina, possa fazer com que o setor de hospitalidade, tão importante para o nosso Estado, volte a ter força".

Também pondera que o crescimento do Ceará está ancorado à perspectiva nacional. "Ou seja, para o Estado ter um crescimento mais sustentável, o Brasil terá que crescer junto, e isso somente virá com a retomada da confiança, que hoje está muito deteriorada por conta das contas públicas da União".

 

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