Em Fortaleza, o dólar turismo estava cotado a R$ 6,07 na tarde ontem, de acordo com levantamento do site MelhorCâmbio.com. Durante pesquisa realizada em quatro casas de moedas, O POVO observou valores entre R$ 5,90 a R$ 6. O Euro também oscilava de R$ 6,85 a R$ 7. A libra se aproximava de R$ 8, variando entre R$ 7,80 e R$ 7,95.
O diretor de operações da Sadoc Corretora de Câmbio, Breno Cysne, diz que a procura pelo papel para viagens internacionais caiu durante a pandemia, mas há forte movimento vindo de investimentos.
"Com o câmbio subindo, há muitos estrangeiros comprando imóveis no Ceará. Embora a demanda pelo dólar turismo tenha caído 70%, existe uma procura alta para investidores comprarem dólares e protegerem seu patrimônio com o ativo que mais se valorizou neste ano", analisa.
O gerente comercial da Ouro de Minas, Caio Ito, conta que a redução na casa foi de 90% desde abril. "A queda ocorreu em razão das fronteiras fechadas e sem previsão de volta. As viagens internacionais somente serão retomadas depois que tivermos uma vacina comprovada", projeta.
Segundo o professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Robson Gonçalves, a escalada do dólar é impulsionada por três fatores: a tensão das eleições nos Estados Unidos, a segunda onda de Covid-19 na Europa e a decisão do Banco Central acerca da manutenção da Selic abaixo da inflação.
Na quarta-feira, 28, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, manter a taxa em 2% ao ano. "Esse cenário cria muitas incertezas sobre a recuperação. Além disso, tem o clima das eleições presidenciais e uma possível vitória dos democratas (Joe Biden) gerando ainda mais instabilidades em razão da não continuidade do governo dos republicanos (Donald Trump)", observa.
Robson enfatiza que o regime de câmbio é flutuante e não há como projetar se as elevações da moeda continuarão, mas, pondera que a política internacional é o único fator previsível de estabilização, após a definição das urnas. A economista Thaís Cattani destaca que uma virada de governo "vai mudar totalmente o posicionamento dos EUA diante do mundo".
"Essa incerteza é grande e tem influenciado a pressa dos mercados em fazer IPO (da sigla em inglês Initial Public Offering. No Brasil, chamada Oferta Pública Inicial) em função do marco após as eleições", diz.
Dentre os fatores internos, aponta, a relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB) e a possibilidade de uma segunda onda do novo coronavírus também no Brasil aumentam as incertezas. "São pontos difíceis de se ajustarem rápido. Já a volatilidade por questões externas deve se prolongar pelo menos pelos próximos dois meses", avalia.
Thais acredita que, para economizar, o consumidor deve acompanhar o câmbio e buscar um valor médio do dólar. Como o regime de câmbio é flutuante e não há como antecipar as próximas cotações, o ideal é realizar compras fracionadas da moeda.