O Ranking de Competitividade dos Municípios 2020, divulgado ontem, revela que as 66 cidades brasileiras mais competitivas estão localizadas nas regiões Sul e Sudeste. Na ordem, as cinco primeiras colocadas são Barueri-SP, São Caetano do Sul-SP, São Paulo, Florianópolis e Curitiba.
A lista deixa evidente a desigualdade regional, já que a primeira cidade fora das regiões Sul ou Sudeste é Palmas-TO, em 67º. A primeira nordestina vem depois, João Pessoa-PB em 70º. Para fechar os 100 primeiros municípios, aparece Recife-PE. Essas são as três únicas cidades fora do Sudeste/Sul que aparecem nas primeiras colocações do ranking. Além disso, dos 38 municípios analisados do Norte, nenhum aparece entre os 60 primeiros colocados.
Os municípios que estavam entre os elegíveis para o levantamento têm mais de 80 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base em dados de 2019.
Entre os resultados negativos das regiões do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, vale destacar que as cinco últimas colocações na dimensão econômica, de telecomunicações e de saneamento básico são ocupadas por municípios do Norte ou Nordeste. Em segurança pública, as cinco piores são cidades do Pará, Bahia, Mato Grosso e Ceará.
Dos 405 municípios do estudo, 88 são do Nordeste. Na média, uma cidade nordestina ocupa a posição de número 302 no ranking geral e tem seis dos 20 piores municípios ranqueados. De acordo com o estudo, "o posicionamento médio insatisfatório para os municípios pertencentes ao Nordeste ressalta a necessidade de atuação da gestão pública, do setor privado e da população para a implementação de medidas que aprimorem a competitividade destes municípios no contexto nacional".
Lucas Cepeda, coordenador de Competitividade do CLP, afirma que o levantamento de dados foi iniciado em novembro do ano passado e passou por um processo de organização e validação dos dados, de forma a garantir uma ferramenta que balize melhor e revele uma realidade mais bem contornada. A ideia é que os gestores municipais possam utilizar desses dados para elaborar planos e prioridade para desenvolver melhores políticas públicas focadas em setores carentes.
"O ranking tem a visão positiva, oferecendo uma agenda propositiva, e pretendemos dar essas informações aos prefeitos", diz.
Para Almir Bittencourt, doutor em Economia e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), o desenvolvimento de planejamento a longo prazo, como o Plano Fortaleza 2040, faz com que municípios tenham maior constância de desenvolvimento, ao investir em políticas de estado e não somente de governo, que podem mudar prioridade a partir de desejos pessoais ou políticos.
"Um fato relevante nas cidades melhores ranqueadas é o capital humano, que a base para atrair investimentos. Então, as cidades do Sul e Sudeste têm mão de obra e infraestrutura qualificadas como diferencial. A tecnologia também é muito importante, assim como aliviar a complexidade tributária e fiscal nos municípios", analisa.
Luiz Eduardo Barros, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-CE), destaca que as gestões das principais cidades cearenses têm se desenvolvido nos últimos anos e os dados, são uma boa ferramenta para as gestões aprimorarem seus trabalhos.
"A gente só gerencia o que mede. E, no Ceará, estamos na média ou acima da média brasileira nas gestões municipais com relação a finanças. Temos despontado em vários fatores positivamente, como a interiorização do desenvolvimento", observa.