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Na crise, juros bancários voltam a subir no Brasil
Economia

Na crise, juros bancários voltam a subir no Brasil

| Bancos | Só na passagem de setembro para outubro, a taxa média de juros nas operações de crédito subiu de 18,1% para 18,7% ao ano
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Foto: Luciana Pimenta 0112 infografia

A taxa básica de juros, a Selic, nunca esteve em um patamar tão baixo, de 2% ao ano. Está assim desde agosto. Ainda assim, os juros médios praticados pelos bancos voltaram a crescer em outubro. Dados do Banco Central mostram que os juros médios anuais praticados nas operações de crédito variaram de 18,1%, em setembro, para 18,7%, em outubro. Os juros do crédito rotativo do cartão teve alta ainda mais expressiva, de 7,81 pontos percentuais, e chegou a marca de 317,48% ao ano.

 Também aumentaram substancialmente as taxas do crédito para capital de giro das empresas, que passou de 10,65% a.a. para 11,62% a.a, e do empréstimo pessoal não consignado que chegou a 31,68% ao ano. Em setembro era de 29,42% ao ano.

Por outro lado, os juros anuais do cheque especial caíram de 114,04% para 112,91%. Já a taxa do microcrédito teve queda de dois pontos percentuais no mês e estava sendo praticada, em outubro, a uma média de 36,45% ao ano.

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O economista Marcelo Leite explica que essas são taxas médias e podem variar de banco para banco e de acordo com o perfil do cliente. Mas, de modo geral, esse movimento reflete um aumento do risco no mercado.

Ele reforça que apesar de a Taxa Selic ser um indicador importante para definição dos juros bancárias, há outros fatores, como, por exemplo, o risco de inadimplência, os impostos, despesas administrativas e a própria margem de lucro dos bancos.

"E a instabilidade econômica brasileira, somada à falta de previsão de quando essa crise sanitária ainda vai perdurar, têm feito os bancos colocarem o pé no freio, o que faz com que esse dinheiro chegue mais caro ao consumidor".

Apesar da variação no mês, levantamento feito pelo O POVO, com base nos dados do Banco Central, mostram que, de modo geral, os juros bancários praticados em outubro deste ano estão menores do que no mesmo mês de 2019. Mas ainda há um descompasso grande em relação à Selic.

Se hoje essa taxa é de 2%, em outubro do ano passado era fixada em 5%. Ou seja, houve um recuo de 60% no período.

O tipo de crédito que chegou mais perto deste patamar foi o cheque especial, que baixou 57%, mas, ainda assim, essa continua sendo uma das modalidades de empréstimo mais caras do mercado.

Já quem compra um veículo de forma parcelada está pagando apenas 4% a menos de juros, em relação a quem comprou em outubro de 2019, quando a taxa era de 19,65%. Enquanto isso, os juros médios do financiamento imobiliário tiveram queda de 5%, usando a mesma base de comparação, alcançando a marca de 7,06% ao ano no último mês.

A vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon), Silvana Parente, explica que esse descompasso sempre existiu e reflete, em boa parte, a dinâmica do sistema financeiro brasileiro que ainda é muito concentrado, com poucos bancos ditando as regras do mercado.

Por isso, ela afirma que o ideal é que o consumidor evite as modalidades de crédito mais caras. "Só se for a última opção. Ou se, por exemplo, se for para substituir uma dívida mais cara por outra mais barata, como um empréstimo consignado para se livrar da dívida com rotativo de cartão. E ainda assim pesquisar".

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0112 infografia (Foto: Luciana Pimenta)


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