A avaliação do setor de turismo cearense é que não há muito o que comemorar neste fim de 2020. Na hotelaria, o cenário é de dificuldades, com a redução de 60% do faturamento, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Ceará (ABIH-CE). A retomada está condicionada à imunização da população e à volta do apetite por viagens, o que pode não acontecer no início de 2021. Mas para o Réveillon e alta estação até o Carnaval, o titular da Secretaria do Turismo de Fortaleza (Setfor), Alexandre Pereira, diz que as pesquisas devem confirmar Fortaleza como destino preferido.
Isso porque, devido à pandemia, as viagens nacionais ficaram em evidência. "Fortaleza foi a cidade mais procurada para turismo de férias em janeiro e uma das dez mais buscadas para o Carnaval. Isso mostra a volta do turismo mesmo com todas as dificuldades", diz.
O presidente da ABIH-CE, Régis Medeiros, conta que, com o fechamento dos empreendimentos por falta de demanda e retomada gradual, apenas em agosto, as reservas financeiras se esvaíram. O setor teve de demitir em média 40% de seu pessoal e renegociar contratos com fornecedores, além de recorrer a empréstimos e postergação de dívidas bancárias.
Para ele, apesar de retorno lento - segundo dados de ocupação dos hotéis, a média em outubro foi de 42% e em novembro de 50% - a expectativa de demanda em Fortaleza para o Réveillon e o início do próximo ano é positiva. Tanto que nas últimas semanas tem crescido o coro de empresários pedindo para que o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), promova a flexibilização para o atendimento da hotelaria.
O percentual de 60% de capacidade máxima dos hotéis, pousadas e similares, está posto desde o começo dos protocolos do plano de retomada do Estado. Os representantes setoriais argumentam que já é hora de uma nova avaliação. "A limitação imposta pelo decreto, de 60% da capacidade dos hotéis, neste momento, ainda não faz com que o setor bata com a cabeça no teto. O pedido é que seja reavaliada a decisão para o Réveillon, pois estamos sentindo uma demanda para o período de dezembro e janeiro", comenta o presidente da ABIH-CE.
Para que isso aconteça, pondera, vai depender do caminhar do combate à pandemia. "Esperamos que não tenhamos retrocessos quanto ao avanço da Covid-19 e a gente possa chegar aos 80%. Os hotéis têm total capacidade de atender a esse público seguindo todos os protocolos", afirma.
No setor de eventos, um dos mais prejudicados com a crise, Ivana Bezerra, presidente do Visite Ceará, destaca as dificuldades neste ano em que praticamente todas as atividades marcadas previamente precisaram ser canceladas por causa da pandemia. "Houve um prejuízo muito grande e para o setor de eventos é muito complicado, porque estamos parados desde março. Quase nenhum evento está acontecendo. Para eventos sociais, precisamos seguir a regra de limite de até 100 pessoas em locais abertos e praticamente nenhum hotel está promovendo", explica. A expectativa de Ivana para 2021 é de mais eventos realizados sob uma nova perspectiva: a híbrida, com parte dos participantes no presencial e outros no online.
Concorrente
Ivana Bezerra, presidente do Visite Ceará, conta que existe um novo concorrente para o setor de eventos: o aplicativo de teleconferências Zoom. Muitas reuniões e ações presenciais deixaram de ser realizadas.