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Déficit habitacional no Ceará chega a 335,3 mil unidades
Economia

Déficit habitacional no Ceará chega a 335,3 mil unidades

Os dados são fruto de um levantamento inédito da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) junto à Ecconit Consultoria Econômica.
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Déficit habitacional no Ceará é o terceiro maior do País  (Foto: Samuel Setubal/ Especial para O Povo)
Foto: Samuel Setubal/ Especial para O Povo Déficit habitacional no Ceará é o terceiro maior do País

O Nordeste é a região brasileira que lidera o déficit habitacional no País. A maioria das pessoas (98,3%) pertencem à faixa de renda de até um salário mínimo, acima da média nacional de 97%. O Ceará é o terceiro estado da Região neste levantamento, com 335.370 unidades. Apenas Bahia e Maranhão superam.

Os dados são fruto de um levantamento inédito da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) junto à Ecconit Consultoria Econômica. Ainda de acordo com o estudo, o Nordeste concentra 34,8% da falta de moradias no Brasil, puxada pela coabitação ocasionada pelo número de famílias conviventes no mesmo imóvel.

O Nordeste sofre com a ausência de 1.550.236 residências para atender à população, considerando apenas o déficit restrito.

Já o déficit ampliado com a soma do ônus excessivo de aluguel (empenho de mais 30% da renda com locação) sobe para 2.298.666 ao se incluir 748.429 unidades habitacionais da categoria do ônus.

O presidente da Abainc, Luiz Antônio França, avalia que, apesar de dados preocupantes, o Nordeste conseguiu reduzir mais o déficit habitacional do que outras regiões entre 2004 e 2019, em 844 mil moradias, o que representa 40% do total nacional.

"A redução reflete as políticas públicas de habitação para a população de baixa renda. É preciso reforçar e ampliar programas de habitação para zerar o déficit habitacional brasileiro, bem como focar na redução dos juros atrelados ao financiamento imobiliário", analisa.

De acordo com dados da Secretaria das Cidades do Ceará, o Estado depende maiormente da atuação do Governo Federal para redução do déficit habitacional. Os dados revelam que, desde o início do programa no governo Cid Gomes (2009-2014) passando pelos anos do atual governo Camilo Santana (2015-2020), aproximadamente 65 mil moradias foram entregues no Estado pelo Minha Casa, Minha Vida (MCMV).

No entanto, essa evolução tem sido lenta. A pesquisa projeta que, até 2030, o Nordeste vai demandar 3,252 milhões de unidade habitacionais na região. Somente o Ceará precisará de 507 mil casas.

Renato Pequeno, doutor em Arquitetura e Urbanismo, professor da Universidade Federal do Ceará e coordenador do Laboratório de Estudos da Habitação (LEHAB-UFC), analisa que os problemas habitacionais do Brasil ainda vão além do déficit. Ele afirma que, somente em Fortaleza, são mais de 800 assentamentos precários, chamadas favelas, cortiços e mesmo os conjuntos habitacionais feitos pelo Estado mas com déficit de infraestrutura básica.

"O problema de não ter a casa é enorme, mas a moradia precária é um problema tão grande quanto. E as políticas públicas devem se voltar não somente para construção, mas para reformas", reforça. (Samuel Pimentel)

 

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