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Sem política efetiva, déficit habitacional deve continuar aumentando
Economia

Sem política efetiva, déficit habitacional deve continuar aumentando

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Dados consolidados da Fundação João Cabral, ligada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), especialista nesta temática, mostram que o déficit habitacional no Brasil em 2015 chegava a 6,35 milhões. Somente na Região Metropolitana de Fortaleza era de 147,1 mil lares. No Ceará, de 302,6 mil.

Já a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), de 2019, revela que o Nordeste é a região com maior déficit habitacional do País e o Ceará alcançou 335,3 mil unidades de déficit. A previsão é que a falta de moradias chegue a 507 mil até 2030. E, de acordo com dados da Secretaria das Cidades, aproximadamente 65 mil moradias foram entregues no Estado pelo MCMV entre 2009 e 2020.

Renato Pequeno, doutor em Arquitetura e Urbanismo, professor da Universidade Federal do Ceará e coordenador do Laboratório de Estudos da Habitação (Lehab-UFC), avalia que os interesses da habitação popular passam por uma crise que vai além da financeira. A falta de recursos do Governo ele observa como preocupante, o que deve fazer com que o déficit habitacional aumente, especialmente no atual contexto de salto da pobreza, desigualdade nas grandes cidades e desemprego.

O professor ainda afirma que sair do aluguel para morar com parentes, mudar de uma casa em bairro com infraestrutura para cortiço ou favela, são exemplos de déficit habitacional observados durante esta pandemia, dentre aqueles que perderam suas rendas. Renato calcula que, somente em Fortaleza, são mais de 800 assentamentos precários, chamadas favelas, cortiços, e conjuntos habitacionais feitos pelo Estado.

"Na atual situação, independentemente do programa Casa Verde Amarela, o déficit habitacional deve aumentar pela redução da capacidade econômica da população", complementa.

Sobre a grande quantidade de obras do programa de habitação popular da União que estavam paradas pelo Brasil - até novembro eram cerca de 100 mil ou 54% do total em andamento - o MDR vai reabrir o prazo para entrega dessas construções não finalizadas no prazo.

Segundo Rogério Marinho, titular do MDR, as unidades que se enquadram nesta perspectiva (do calendário que venceu em 2018) são cerca de 50 mil. A expectativa é que 90% sejam entregues ainda em 2021. "Pelo menos vai ser dada a oportunidade de essas empresas parceiras que não tiveram possibilidade de entregar tenham prazo reaberto. Obras estão em grau muito próximo de conclusão, em mais de 1.800 municípios brasileiros", disse.

 

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