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Os desafios para o mercado de trabalho em 2021: o Ceará após a pandemia
Economia

Os desafios para o mercado de trabalho em 2021: o Ceará após a pandemia

| Ceará | Mercado de trabalho terminou embalado pela geração de vagas nos últimos meses de 2020. Agora, desafio é acomodar a demanda de pessoas que retomam a busca por emprego após fim do auxílio emergencial
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O impacto da pandemia na vida das pessoas deve gerar marcas por muito tempo, mas também aprendizados para este ano que começou. No Ceará, a perspectiva negativa para a economia foi latente, a massa de pessoas desempregadas saltou de menos de 300 mil pessoas em março, para mais de 500 mil em setembro. No entanto, com a retomada econômica gerando efeitos, a indústria e o comércio passaram a demandar mais mão de obra e novos empregos passaram a ser gerados.

Neste processo, o Ceará registrou, em novembro, o melhor saldo de empregos do Nordeste. E ainda superou o resultado acumulado de 2019, fazendo com que a geração no mercado formal repusesse, em números gerais, as perdas geradas pela pandemia. Foram mais de 16 mil vagas no mês, resultado puxado principalmente por comércio, serviços e indústria.

Kercia Medeiros, 41, foi uma das 39.670 admissões ocorridas em novembro de 2020. Contratada para uma vaga no setor de logística de uma loja de calçados, ela conta que desde 2015 não conseguia recolocação no mercado formal e desde então passou a trabalhar como vendedora ambulante. Feliz com o novo momento, com direitos trabalhistas e maior segurança de renda, espera que neste 2021 seja contratada definitivamente. "Estou me dedicando para permanecer na loja".

Maia Júnior, titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet-CE), avalia que 2020 foi iniciado como o ano que marcaria a retomada sustentável da economia nacional, inclusive com frutos no mercado de trabalho, num processo de continuidade ao que foi realizado em 2019, mas a pandemia atrapalhou o processo.

Ele ainda destaca que o trabalho realizado, desde o fechamento dos mercados por questões de saúde, até o processo de retomada responsável, colaborou para que a economia cearense retomasse de forma superior ante outras do Nordeste. Para 2021, o grande "se" que vai ditar a retomada ou não, diz, será a vacinação da população.

"Vai depender muito da definição sobre a vacina, para afastar de vez por todas essa angústia e para garantir o funcionamento das atividades econômicas, continuar os trabalhos de estímulo à economia, através de projetos que possamos minimizar as dificuldades de setores que sofreram mais do que outros", afirma o secretário, dando o exemplo do turismo. Estabilidade política e reformas estruturais também são citadas como indicativo positivo aos investidores que buscam por negócios.

Dentre os setores que mais geram expectativas para geração de novas vagas, o diretor da Promoção do Trabalho do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho do Ceará (IDT), Francisco Nascimento, avalia que a construção civil deve continuar com uma ação forte de retomada. E o segmento de novas tecnologias, principalmente por causa do home office, utilizando mais as mídias digitais. Outros segmentos apontados como celeiros de oportunidades são a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), energia e serviços de saúde.

E é no setor da saúde que Roberto Monteiro, 33, espera se recolocar no mercado. Atualmente como motorista de aplicativo, ele conta que deixou o trabalho como técnico de produção, amigavelmente, da sua última empregadora, após 11 anos de serviço, em 2018. Para este ano, já conversa com ela para conseguir o cargo novamente. "Já me ligaram e está quase tudo certo para retornar em março", comemora.

Mas, sem o auxílio emergencial, a massa de pessoas que buscarão vagas aumentará. O economista Gilberto Barbosa observa que devemos ter um cenário de mercado de trabalho neste início de 2021 ao que foi observado há alguns anos. Será necessário remar novamente em prol da recuperação. Ele diz que o Ceará, por ter um cenário mais positivo, inclusive com cidades apontadas entre as melhores economias da Região, deve ser beneficiado. "Estamos num patamar alto de desemprego, as medidas de auxílio fizeram com que a busca por vagas diminuísse e, neste momento, com a retomada de setores como a indústria, devemos ver o número de vagas ofertadas aumentarem mais".

Para Carol Manciola, CEO da Posiciona Educação e Desenvolvimento, empresa de educação empreendedora que capacita equipes e melhora o desempenho nas áreas de vendas e atendimento, as pessoas em busca de recolocação precisarão desenvolver as habilidades que o mercado procura por causa da maior digitalização dos processos. Habilidades comportamentais para além da técnica, serão diferenciais. "O cliente precisa ser muito bem atendido em sua jornada de compra e, por isso, a conexão com o consumidor sempre será o grande diferencial".

 

IDT / SINE

Francisco Nascimento, destaca que o atendimento do Sine se adaptou à pandemia e está sendo com marcação online. A recolocação de profissionais desde agosto tem sido positiva. Enquanto no mês de maio o Sine conseguiu recolocar apenas 27% da meta prevista, em novembro a meta foi superada pelo segundo mês consecutivo.

AUTÔNOMO
O portal do IDT Sine tem um espaço dedicado aos trabalhadores autônomos que querem ofertar serviços. Esse espaço está sendo ampliado para todas as unidades do Interior e Francisco Nascimento incentiva que profissionais liberais também utilizem o espaço. Na plataforma, há opções de serviços domésticos, eletricista, bombeiro, pedreiro, assim como a possibilidade aberta para advogados, psicólogos e afins.

IBGE
Cresceu a pressão sobre a quantidade de pessoas que procuram recolocação no mercado no Brasil. No trimestre até outubro, a taxa de desocupação no País ficou em 14,3%, acima dos 11,6% do mesmo período de 2019, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com dados do mercado formal e informal. A renda real habitual dos ocupados caiu, 5,3% ante o mesmo período do ano passado.

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