Com a entrada em vigor, ontem, do reajuste de 6% no preço do gás liquefeito de petróleo (GLP) que é vendido pela Petrobras nas refinarias, é esperado que, nos próximos dias, o botijão de 13 kg do gás de cozinha também chegue mais caro ao consumidor final. No Ceará, o produto é comercializado, em média, a R$ 81,77, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Acima da média brasileira (R$ 75,29) e R$ 5,77 a mais do que custava em janeiro de 2020. Alta de 7,59%.
Ao longo de todo o ano passado, apenas nos meses de abril e maio houve recuo dos preços ao consumidor final no Estado. Na tabela da Petrobras para distribuidoras, no entanto, os reajustes foram ainda maiores e superam 21% no período.
Desta vez, o reajuste da Petrobras afeta tanto o GLP 13 Kg que será vendido nas refinarias a R$ 35,98 o botijão, correspondente a 46% do preço total, quanto o GLP a granel, utilizado por indústrias, comércio, condomínios, academias, entre outros.
Dentre as razões apontadas pela estatal para a majoração está a flutuação de preço do petróleo no mercado internacional. "Os preços de GLP praticados pela Petrobras seguem a dinâmica de commodities em economias abertas, tendo como referência o preço de paridade de importação, formado pelo valor do produto no mercado internacional, mais os custos que importadores teriam, como frete de navios, taxas portuárias e demais custos internos de transporte para cada ponto de fornecimento, também sendo influenciado pela taxa de câmbio", informou em nota a estatal.
Esse reajuste que é feito na refinaria não chega ao mesmo tempo no consumidor final, já que a mudança na tabela ocorre geralmente quando há renovação do estoque nos pontos de venda. Também pode ser que o repasse não seja feito na mesma proporção. Isso porque todos os elos da cadeia são livres para estipular seus preços.
Um estudo recente feito pelo Sindigás, com base nos preços médios que estavam em vigor em outubro deste ano, em relação aos praticados em novembro de 2019, mostrou, inclusive, que apesar da alta nos preços da Petrobras, que até então era de 15,59%, houve uma redução de 7,96% na margem bruta da revenda e da distribuição. Enquanto isso, o impacto ao consumidor final foi de 3,62% no período.
Ainda assim, é um aumento que preocupa, afirma o economista Marcelo Leite. "O gás de cozinha é um item essencial no dia a dia da população e está há muito tempo em um patamar muito alto, principalmente, se considerarmos o baixo poder aquisitivo da população no Ceará".
Ele reforça que este é também mais um item a pressionar a inflação e a composição de preços de outros serviços, como a alimentação fora de casa.
No caso dos restaurantes com self service, por exemplo, o gás de cozinha é um dos principais gastos dentro da operação, explica o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel - CE), Rodolphe Trindade.
"E não é a única coisa que subiu. O preço dos alimentos, bebidas, material de construção, impostos, tudo aumentou. E neste ano não haverá mais auxílio emergencial, nem o programa do Governo que possibilitava a redução de salários. É um cenário muito difícil porque sequer estamos podendo funcionar normalmente. A partir de fevereiro vamos ver como será o desastre."