A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu ontem, 8, os dois primeiros pedidos de uso emergencial de vacina contra a Covid-19. Os pedidos foram feitos pelo Instituto Butantan, relativo ao uso da Coronavac, e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), relativo ao imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca. A agência estima que levará até 10 dias para avaliar os pedidos.
Sem detalhar dados, o Butantan afirma que a Coronavac tem eficácia de 78% para evitar casos leves e de 100% para quadros moderados e graves. O Ministério da Saúde pretende comprar 100 milhões de doses em 2021, ou seja, toda a produção do instituto.
Os testes clínicos da Coronavac no Brasil foram realizados com 12.476 voluntários, todos profissionais de saúde, em 16 centros de pesquisa. De acordo com Dimas Covas, diretor do Butantan, foram registrados 218 casos de Covid-19 entre os voluntários, dos quais cerca de 160 ocorreram no grupo que recebeu placebo e pouco menos de 60, entre os vacinados. Considerando esses dados, o índice bruto de eficácia seria de 63%.
A agência afirma que usará as primeiras 24 horas de análise para "fazer uma triagem do processo e checar se todos os documentos necessários estão disponíveis". "Se houver informação importante faltando, a Anvisa pode pausar o prazo e solicitar as informações adicionais ao laboratório."
O imunizante da Fiocruz é a principal aposta do Governo Federal. A fundação deseja distribuir, ainda em janeiro, 2 milhões de doses prontas, vindas de fábrica indiana. O produto foi comprado por R$ 59,4 milhões no momento em que o Governo Federal é pressionado para antecipar o calendário de vacinação no Brasil. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, aponta o dia 20 deste mês como data mais otimista para começar a vacinação.
A Fiocruz receberá em janeiro insumo farmacêutico para completar a fabricação de cerca de 100 milhões de imunizantes deste modelo. A ideia é que as primeiras unidades sejam liberadas em fevereiro. No segundo semestre, a Fiocruz diz que irá realizar todo o processo de fabricação de outras 110 milhões de doses.
A falta de transparência sobre os dados desta vacina, porém, gerou críticas na comunidade científica. Um erro de dosagem levou a dois resultados de eficácia do produto: 62% quando aplicada em um regime de duas doses completas e 90% com meia dose seguida de outra completa. Há ainda dúvidas sobre os resultados para pessoas acima de 55 anos. (Agência Estado)