A Ford anunciou ontem que vai encerrar a produção de veículos no Brasil em 2021. Assim, no fim do último trimestre do ano, a planta da Troller, em Horizonte, será fechada. O encerramento da fábrica na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) deixará 470 pessoas desempregadas, número de empregados e colaboradores da unidade informado pelo site da empresa. A planta existe desde 1995 e foi reinaugurada em 2014.
A empresa afirma que irá trabalhar em colaboração com os sindicatos para "minimizar os impactos do encerramento da produção", justificado pelos efeitos da pandemia nos negócios.
Em comunicado, o CEO da Ford, Jim Farley, disse que a ação é necessária. "A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável."
Serão mantidos apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto (na Bahia), o Campo de Provas e a sede regional (em São Paulo). Segundo a Ford, as fábricas em Camaçari-BA, que realizava a produção dos modelos Ka e EcoSport, e de Taubaté-SP, que produzia motores e transmissões, serão fechadas imediatamente. Em 2019, a Ford já havia fechado sua fábrica em São Bernardo-SP.
Vale ressaltar que a Ford já recebeu R$ 20 bilhões em incentivos fiscais desde 1999, segundo estimativas da Receita Federal, publicadas primeiramente pelo jornalista do O Globo, Lauro Jardim.
Presidente do Republicanos e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) no governo de Michel Temer, o deputado federal Marcos Pereira (SP) lamentou o anúncio da Ford. Em sua conta no Twitter, Pereira escreveu que o encerramento das atividades fabris da Ford resultará em mais de 5 mil desempregados, lembrando ainda que, em dezembro, fábrica da Mercedes-Benz também fechou. "Quem será a próxima?", questionou.
Primeiro vice-presidente da Câmara, Pereira também fez referência a uma declaração do secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, refutando conceder incentivos tributários ou de outro tipo de benefícios à General Motors. Ao alto escalão da montadora, Costa teria dito, em janeiro de 2019: "Se precisar fechar, fecha."
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, se disse surpreso com anúncio. Mourão avaliou que o comunicado da empresa, que está no Brasil há 100 anos, não foi uma "boa notícia". "Eu acho que a Ford ganhou bastante dinheiro aqui no Brasil. Me surpreende essa decisão que foi tomada aí pela empresa", completou. (com Agência Estado)