Para Alexandre Birman, presidente da Arezzo, a pandemia - ou qualquer outra crise externa - não explica um resultado negativo de uma companhia. "A empresa sempre tem capacidade de ser um ‘outlier’ ( ponto fora da curva). Usar a bengala da pandemia para justificar que não se teve bons resultados não funciona. O tempo gasto deve ser usado para criar uma alternativa para combater os desafios. Toda empresa tem capacidade de se reinventar", afirma.
Na Arezzo, uma das alternativas criadas para enfrentar a crise foi reduzir a periodicidade das coleções, que passaram a ser quinzenais. A estratégia é poder mudar rapidamente os produtos e o volume ofertado de acordo com as alterações das necessidades do consumidor. No início da quarentena, rapidamente, a empresa lançou uma coleção de sapatos para serem usados em casa. Quando a população mudou o hábito e passou a sair de casa para se exercitar, colocou no mercado uma linha de tênis. Para as festas de fim de ano, voltou a apostar em sapatos de salto.
A agilidade, tanto para desenvolver produtos como para tomar decisões, é apontada por Birman como uma das principais tendências corporativas para este ano. O empresário cita ainda a necessidade de fidelizar o cliente e oferecer atendimento mais personalizado, ainda que seja online. "A pessoa, hoje, quer se sentir acolhida e ter um atendimento diferenciado. É fundamental oferecer um trabalho de atendimento no e-commerce que seja fora da média."
O empresário conta que a pandemia não alterou o planejamento estratégico quinquenal da Arezzo nem os planos para 2021 - "só aceleramos iniciativas que eram para ser implementadas em três anos e foram implantadas em um". Entre elas, Birman destaca a compra do grupo Reserva por R$ 715 milhões e o lançamento de um marketplace com 45 marcas. "Nossa empresa estava muito bem preparada para enfrentar a crise. Tinha tempo e dinheiro para ir ao ataque."
Birman frisa que a aceleração nos negócios em 2020 não ocorreu por causa da pandemia, mas em decorrência da "nossa capacidade de superar a pandemia". Afirma, porém, que haverá "desafios enormes" neste ano, cuja economia dependerá da vacina. "É preciso se preparar para o pior." (Agência Estado)