A concretização do negócio entre Hapvida e o Grupo NotreDame Intermédica (GNDI) formaria uma operadora de saúde com carteira de clientes de 13,6 milhões de usuários. O número equivale a atender a 6% da população brasileira. Os dados foram divulgados pelo CEO do Hapvida, Jorge Pinheiro, em videoconferência com investidores. Na oportunidade, ele ainda afirmou que está otimista com a fusão e já mira 60 milhões de pessoas que ainda não possuem planos de saúde.
De acordo com Pinheiro, o cenário se mostra positivo, pois as duas empresas demonstram importantes sinergias e indicadores positivos. "Vejam que enquanto Hapvida e GNDI e suas adquiridas somaram mais de 2,3 milhões de beneficiários de forma orgânica (entre março de 2016 e setembro de 2020), o restante perdeu 1,6 milhão de usuários. Isso mostra a força do modelo que as duas empresas vem praticando", afirma.
O Hapvida apresentou ao mercado os números consolidados de participação de mercado após uma junção com o GNDI. Além da carteira de clientes na junção dos dois negócios entre beneficiários de assistência médica e odontológica, receita líquida de R$ 18,2 bilhões e Ebitda ajustado de R$ 3,7 bilhões.
A estrutura combinada ainda inclui 621 unidades de estrutura, sendo 84 hospitais, 280 clínicas e 257 unidades de diagnóstico.
A empresa de saúde cearense apresentou na sexta-feira passada, 8, ao conselho de administração da Intermédica a proposta de fusão dos negócios, o que criaria uma gigante com valor de mercado próximo dos R$ 128 bilhões, de acordo com os dados mais recentes após forte valorização dos papéis da duas companhias na B3.
Célio Fernando Melo, conselheiro da Associação Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais (Apimec Brasil), analisa que os dados das duas operadoras revelam muitas sinergias, mas é necessário um processo de troca de informações. Pelo que se observa no mercado, ele vem quantificando de forma positiva, entendendo que esse processo deva ser bem sucedido.
Ele ainda ressalta que a nova gigante do mercado foi desenvolvida para superar outra gigante, a Rede D'Or, que há um mês realizou o terceiro maior IPO (oferta pública de ações) da história da Bolsa. O negócio de R$ 128 bilhões supera o valor de mercado da rede, de R$ 122 bilhões. A estrutura também é menor: 51 hospitais próprios.
A intenção do Hapvida de realizar a fusão, ampliar a capilaridade no mercado nacional, mas manter seu foco em produto de excelência a preços acessíveis, é analisada como positiva e uma demanda nacional. "A pandemia mais ressaltou a precariedade do nosso sistema de saúde e atendimento médio. A questão da saúde requer um olhar global. O Brasil tem um campo muito grande porque ainda é muito desassistido, o que gera um potencial de crescimento muito grande, principalmente entre as camadas mais populares", analisa Célio.
Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos, afirma que a euforia no mercado deve continuar seguindo o teor das notícias. Ele recomenda prudência aos investidores, pois é um negócio que ainda não foi fechado, mas não observa risco de que ele seja barrado no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ou Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
"O mercado precificou a notícia de forma eufórica, qualquer notícia contrária já pode afetar. A valorização dos dois ativos é muito expressiva. Mas ainda há um lado de incerteza, apesar de que observo o negócio como positivo no País inteiro", disse.