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Com alta de 5,74%, inflação em Fortaleza é a maior dos últimos quatro anos
Economia

Com alta de 5,74%, inflação em Fortaleza é a maior dos últimos quatro anos

Essa foi a terceira maior elevação do País, atrás apenas de Campo Grande (MS) e Rio Branco (AC). O IPCA também ficou acima da média brasileira (4,52%) e foi superior ao centro da meta do Governo
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info economia histórico de preços (Foto: lfcorullon)
Foto: lfcorullon info economia histórico de preços

A inflação fechou o ano de 2020 com variação de 5,74% na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Acima da média brasileira (4,52%) e a terceira maior alta no País, ficou atrás apenas de Campo Grande (MS) e Rio Branco (AC), que registraram variações, respectivas, de 6,85% e 6,12%. Os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram também que esta foi a maior elevação desde 2016, quando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou em 8,34%.

No Brasil, o IPCA ficou acima do centro da meta para inflação estipulada pelo Governo para o ano passado, que era de 4%, mas dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo (2,5%) ou para cima (5,5%).

Este era um resultado já esperado pelos especialistas diante de sucessivas altas nos preços ao longo de todo o ano passado. Na RMF, por exemplo, dos doze meses do ano, apenas em três, houve recuo na trajetória do indicador, ainda assim, em percentuais bem baixos. O mais expressivo deles foi em maio (-0,52%). No mês de dezembro, o IPCA na Grande Fortaleza ficou em 1,46%, sendo 0,66 ponto percentual (p. p.) acima dos 0,80% de novembro. 

O óleo de soja foi o produto que teve maior alta em 2020
O óleo de soja foi o produto que teve maior alta em 2020 (Foto: Thais Mesquita/O Povo)

Em 2020, a alta foi generalizada em todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados. Porém, alimentação e bebidas, o de maior peso na composição do índice, foi o que teve o maior reajuste de 16,14%, no acumulado do ano. Destaque para o óleo de soja (121,39%); arroz (82,74%); o feijão fradinho (81,74%); e tomate (62,13%).

Em seguida aparecem os gastos com habitação (6,45%), impulsionado pelo aquecimento nas vendas do material de construção durante a pandemia. Este, aliás, é um dos fatores que também impulsionaram a elevação de outro indicador, o do custo da construção civil no Estado (Sinapi), que registrou alta de 10,93% no ano passado.

No acumulado do ano, também houve avanço nos preços dos artigos de residência (4,37%), comunicação (3,56%), despesas pessoais (2,45%); vestuário (1,72%); saúde e cuidados pessoais (1,56%); transporte (1,04%); e educação (1,05%).

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Esta disparada nos preços pesou, sobretudo, no bolso dos mais pobres. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que abrange as famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, encerrou o ano com alta de 6,32% na RMF. É 1,8 ponto percentual a mais do que a média da inflação oficial e acima dos 4,96% registrados no acumulado de 2019.

“Isso é explicado, em grande medida, pelo peso de alimentação e bebidas na cesta de produtos e serviços das famílias, que é maior no INPC do que no IPCA. Os gastos com habitação também têm peso maior, especialmente por causa da energia elétrica”, explicou Pedro Kislanov, gerente de pesquisas do IBGE.

O economista Marcelo Leite frisa que esses indicadores em patamar alto continuarão trazendo reflexos para a economia neste ano. O IPCA, por exemplo, está entre os componentes que servem de parâmetro para o reajuste de diversos tipos de contratos

"Além disso, em um primeiro momento, a inflação reduz o poder de compra da população em geral. Isso ocorre porque, devido à alta nos preços, o mesmo salário passa a comprar uma cesta de produtos menor. O que, por sua vez, também reduz a expectativa de vendas das empresas e, por consequência, pode gerar uma queda nos investimentos", avalia.

Para este ano, ele acredita que a inflação seguirá em alta, porém, de forma mais pulverizada entre os grupos. "Se em 2020 o grande vilão da inflação foi o preço dos alimentos, neste ano, há uma tendência clara de encarecimento dos chamados preços administrados, como gastos com plano de saúde, energia, água, transporte. Isso não ocorreu no ano passado em função da pandemia, mas já está chegando com mais força agora.”

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