A Associação Brasileira das Clínicas de Vacina (ABCVAC) aguarda apenas o término do processo de registro definitivo da Covaxin no Brasil para adquirir as doses do imunizante contra a Covid-19 e em seguida ofertar ao seu público. Representantes da entidade visitaram as instalações da Bharat Biotech, laboratório da vacina na Índia, na semana passada, para discutir as possibilidades de exportação da Covaxin para o País. No Ceará, conforme O POVO publicou em primeira mão, três empresas são associadas à ABCVAC e a Unimed Fortaleza, por meio da Unimed Vacinas, solicitou entrada na possível compra conjunta.
"Findado o processo de registro definitivo da Covaxin no Brasil, as clínicas particulares poderão adquirir doses para ofertar ao seu público”, frisou Geraldo Barbosa, presidente da ABCVAC, que voltou de viagem à Índia no último domingo, 10.
Segundo a ABCVAC, Barbosa fez uma apresentação à diretoria da fabricante sobre o potencial do mercado brasileiro e sobre a necessidade de vacinar o contingente da população que está ativo no mercado de trabalho. "Há uma resposta positiva do mercado corporativo que tem procurado a ABCVAC e as clínicas, para subsidiar a imunização de seus colaboradores. O executivo ressalta que o que for adquirido não vai interferir nas negociações com o sistema público", informou, em nota, a entidade.
“Se essas vacinas não vierem para o mercado privado brasileiro, não virão nem para o Brasil. Vão para outro país”, reforçou Barbosa. Agora, a aquisição das doses depende do fim dos trâmites legais junto aos órgãos reguladores brasileiros, fabricante e distribuidora/importadora.
O Governo Federal, no entando, disse a empresários, em reunião virtual realizada na quarta-feira e promovida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que a aquisição de vacinas por empresas para imunização de funcionários será proibida. Respondendo à principal dúvida de executivos e donos de negócios, alguns dos quais já se movimentavam para importar doses, representantes dos Ministérios da Saúde, das Comunicações e da Casa Civil foram taxativos: a vacinação ficará a cargo do governo, que garantiu ter imunizantes para toda a população.
As clínicas no Ceará associadas à entidade são Dra. Núbia Jacó, Previne Clínica de Vacinação, ambas em Fortaleza, e Vivat, em Sobral. Em nota ao O POVO, a Unimed Fortaleza informa que ainda não entrou de vez na negociação. "Estamos aguardando retorno da ABCVAC para oficializar a associação da Unimed Vacinas, clínica de imunização da cooperativa, com a entidade. Na sequência, será dado início à articulação para a aquisição das vacinas contra a Covid-19 e posterior comercialização."
Em entrevista ao O POVO, no dia 3 de janeiro deste ano, as clínicas cearenses já haviam confirmado que não existe prazo certo para liberação da vacina no Brasil e oferta delas aos pacientes, mas a previsão mais otimista é que ocorra a partir de abril e a mais realista entre junho e julho deste ano. Frisaram ainda que a procura de pessoas querendo reservar doses nas clínicas particulares havia até se iniciado.
A proprietária e responsável técnica da clínica de vacinação Vivat, Ellana Ribeiro, disse, à época, que após o anúncio da negociação com o fornecedor indiano, moradores da região de Sobral já buscaram reservar doses do imunizante, o que não deve acontecer, segundo ela. A prioridade será imunizar grupos a partir da ordem que consta em plano nacional de vacinação do Ministério da Saúde.
Já o diretor médico da Clínica de Vacinação Dra. Núbia Jacó, João Cláudio Jacó, esclareceu que as doses negociadas pela ABCVAC são um quantitativo bem menor do que a demanda, mas espera que ao longo de 2021 negociações com outros laboratórios avancem. Ele ainda ressaltou o caráter suplementar do trabalho dos entes privados, reconhecendo a centralidade do sistema público no trabalho de imunização. (com Agência Estado)