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O que muda na economia com a gestão Biden?
Economia

O que muda na economia com a gestão Biden?

Silvana Parente, doutora em Economia, vice-presidente do Conselho Federal de Economia do Ceará (Corecon-CE) e ex-secretária de Planejamento e Gestão do Ceará
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Tipo Notícia
Silvana Parente é doutora em Economia e vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Silvana Parente é doutora em Economia e vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará

A dinâmica da economia está intimamente ligada com as questões sociais e ambientais e, neste ano, com o enfrentamento da pandemia. A primeira grande mudança entre a era Trump e gestão Biden está na agenda ambiental, com o retorno dos EUA ao acordo de Paris e um programa de investimento robusto em infraestrutura de energia limpa, transporte público e veículos elétricos, os quais vão reduzir a emissão de carbono e o desemprego.

A segunda é a agenda sobre direitos humanos, defesa da vida, das mulheres e minorias e vigilância na democracia. A terceira será o fortalecimento do multilateralismo, já anunciado com o retorno dos EUA à OMS e OCDE, o que beneficiará o comércio mundial, inclusive o Brasil. No campo da geopolítica, a expectativa é que ainda perdura a tensão entre China e EUA, mas com um tom mais diplomático e ameno. Espera-se que o liberalismo de extrema direita e ultra nacionalismo da era Trump seja amenizado por um liberalismo clássico, ainda nacionalista, mas mais flexível, com intervenção estatal, diante da pandemia e da crise econômica. O presidente Biden acaba de anunciar medidas de proteção social com ampliação do número e valor do vale alimentação e merenda escolar, com vistas a garantir a sobrevivência da população mais vulnerável.

Também permitiu que trabalhadores possam recusar empregos de risco de Covid e mesmo assim acessar o seguro desemprego, aumentou o salário de servidores federais, sem falar do plano de ajuda econômica de US$ 1,9 trilhão já enviada ao Congresso. Os EUA ainda são o principal parceiro comercial do Brasil e do Ceará, fortes jogadores na área financeira, tecnológica, carros elétricos, energia renovável e grande mercado agrícola.

Espera-se que o desalinhamento do presidente Bolsonaro com as questões ambientais e sociais acima não prejudique as relações comerciais entre os dois países que sempre foram pautadas pelo pragmatismo. As empresas brasileiras serão impulsionadas a adotar estratégias ESG (social, ambiental e governança) caso queiram beneficiar-se da parceria comercial com os EUA.

Considerando o distanciamento do Governo do Ceará dessas discordâncias ideológicas, a nossa proximidade geográfica e responsabilidade fiscal, o setor produtivo cearense poderá beneficiar-se no médio prazo. Os EUA respondem por 36% das nossas exportações, com destaque para o segmento de ferro e aço, pás eólicas, hortifrúti, calçados dentre outros. Que perca o Governo Bolsonaro e ganhe o Brasil e o Ceará.

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