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Política pode atrapalhar, mas relação entre países tem histórico bem estabelecido
Economia

Política pode atrapalhar, mas relação entre países tem histórico bem estabelecido

Análise. Brasil.
Edição Impressa
Tipo Notícia

A mudança de comando nos Estados Unidos, um parceiro comercial de longa data, reverberou de forma preocupante nos corredores do Palácio do Planalto. O fato decisivo foi que numa das polarizadas da história dos Estados Unidos, o presidente do Brasil e sua cúpula mais próxima fizeram acepção clara e declararam preferência pelo candidato derrotado, demorando inclusive a reconhecer o resultado do pleito.

O temor atual é que o Brasil perca pontos no momento inicial pela falta de atenção a assuntos-chave do novo governo americano. Antes mesmo de ser eleito, o então candidato democrata ameaçou o Brasil por causa da falta de medidas para frear o desmatamento da Amazônia. "Se não parar (o desmatamento), vai enfrentar consequências econômicas significativas", disse.

O que pode ser um prenúncio de instabilidade política inicial, principalmente pela diferença nas agendas, pode ter impacto prático menor do que o imaginado inicialmente. Essa é a análise da gerente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (CIN-Fiec), Karina Frota. Ela destaca que as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos têm bases fortes, acima da política, em que o fator econômico ganha vantagem.

"Estamos diante de um cenário político em que o Ceará tem um histórico de aproximação com os Estados Unidos e que a agenda econômica é suprapartidária, devendo ficar fora dessa questão política e da relação do presidente do Brasil e dos Estados Unidos", observa.

Karina ainda lembra que tivemos, em 2020, um grande acordo comercial, após quase dois anos de negociação, seccionado em três pontos, o principal, com foco na facilitação do comércio entre os dois países, diminuindo as barreiras alfandegárias e procedimentos burocráticos.

O atual patamar de cotação do dólar é extremamente convidativo para exportação. O patamar de desvalorização do real deverá ser menor no futuro, mas, para a gerente do CIN-Fiec, a recuperação econômica deve ser, em parte, tracionada pela internacionalização dos negócios da indústria cearense.

Ao Estadão, o advogado Welber Barral, secretário de Comércio Exterior entre 2007 e 2011, observou que as estáveis relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos foram estáveis, mas a política ambiental brasileira pode ser ponto de colisão que modifique esse histórico.

"Nos últimos dez anos, não houve grande alteração no fluxo entre os países, que diminui quando tem crise, mas depois melhora. O que pode mudar isso é alguma orientação de Biden em relação às exigências ambientais." Segundo ele, a administração Biden poderia seguir o exemplo da União Europeia, onde está em consulta pública a possibilidade de se introduzir sanções a mercadorias cuja produção tenha causado desmatamento. (Com Agência Estado)

 

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