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Com horário reduzido, bares e restaurantes calculam o fechamento de mil estabelecimentos
Economia

Com horário reduzido, bares e restaurantes calculam o fechamento de mil estabelecimentos

Caso haja isolamento social rígido, presidente da Abrasel diz que não há ajuda que salve o setor
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Protesto na Praça Portugal contra decreto de combate à Covid-19: sintoma de um tempo (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Protesto na Praça Portugal contra decreto de combate à Covid-19: sintoma de um tempo

A redução do horário de funcionamento de bares, restaurantes e congêneres no Ceará por 15 dias, a partir de 3 de fevereiro, pode impactar o setor com o fechamento de mil estabelecimentos e gerar duas mil demissões. A projeção é da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE). Nos três primeiros dias, conforme o presidente da entidade, Taiene Righetto, 980 colaboradores foram desligados.

"Se acontecer de fechar tudo novamente, no mínimo, a folha de pagamento precisa ser paga de alguma forma. Caso não, o desemprego vai ser gigantesco. Os impostos e cobranças continuam e só aumentam. Com a situação atual, com 40% dos estabelecimentos já falidos, a gente mata pelo menos mais metade dos 60% das casas que sobraram. Hoje, infelizmente, se fechar tudo, não há ajuda que salve o setor", lamenta Righetto.

Por outro lado, o presidente da Abrasel-CE entende a necessidade de evitar a proliferação da Covid-19 em Fortaleza e rechaça a comparação com a cidade de Manaus. Para ele, a administração pública por lá é desastrosa. "Aqui, o governo do Ceará faz uma ótima gestão da crise." E complementa: "mas não queremos pagar a conta sozinhos".

No último sábado, 6, cerca de duas mil pessoas participaram de ato contra o decreto Nº 33.918 que limita o horário de funcionamento de serviços não essenciais após as 20 horas, sejam bares, barracas de praia, restaurantes ou praças de alimentação em shoppings. Sábado e domingo, esse serviços devem encerrar suas atividades às 15 horas.

"A gente não entende porque só bares e restaurantes. Está todo mundo trabalhando. Os ônibus estão lotados. Muitas festas clandestinas. Você pode ir em um banco hoje, eu não acho mais nem álcool em gel. A gente também quer trabalhar com segurança e não disseminar o vírus. Se a coisa está realmente complicada, só nós somos o problema?", questiona Righetto. Na última sexta-feira, 5, o governador Camilo Santana anunciou que deve disponibilizar ajuda ao setor.

Fátima Queiroz, presidente da Associação de Empresários da Praia do Futuro (Aepf), estipula queda de 75% apenas na última quinta-feira, famosa pelo consumo de caranguejos. Conforme a representante, o público que preferia ir no horário da tarde foi perdido e houve redução de 50% do público normal.

O desafio para as barracas de praia, aponta, deve ser trabalhar com os banhistas para que comecem a aproveitar o local em horários mais matutinos. "É convocar as pessoas para virem à praia mais cedo, para aproveitarem o movimento de sol, de brisa, de mar. Um ambiente arejado."

Washington Espanhol, proprietário da barraca Santa Praia, também na Praia do Futuro, participou do protesto no último sábado. O gestor ressalta os prejuízos que o decreto deve causar, mas reforça que está seguindo as medidas. "Se o pessoal fala que tem que fechar, a gente fecha, mas eu não acho que isso adiante de nada, não funciona desse jeito." Espanhol calcula perda de 30% da arrecadação da barraca, bem como a diminuição do quadro de funcionários.

Alexandre Vieira, um dos administradores do Turatti, na Varjota, prevê declínio de 22% no orçamento de fevereiro e, considerando períodos passados de pandemia, o prejuízo pode chegar a 60%. Entretanto, só nesses dois dias, ressalta, a casa já sentiu perda de até 70%. "Mesmo assim, a gente está trabalhando muito forte a rede social, o aplicativo e a mente dos funcionários para que eles não se deixem abalar. Estamos fazendo de tudo pra não desligar nenhum funcionário assim", garantiu.

 

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