O preço dos combustíveis voltou a subir no Ceará. Levantamento divulgado ontem pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostrou que a gasolina está custando, em média, R$ 4,98 no Ceará. São dois centavos a mais do que a média da semana anterior, mas pode ser encontrado por até R$ 5,34 o litro. Diesel e gás de cozinha também registraram aumento nos preços. Porém, analistas alertam que a disparada maior ainda está por vir e deve ser sentida pelo consumidor final até o final da próxima semana.
Isso porque o reajuste feito pela Petrobras nas refinarias para distribuidores e revendedores, que entrou em vigor no último dia 9, foi em patamar bem superior. No caso da gasolina, por exemplo, a alta foi de 8,72%.
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O levantamento feito pela ANP entre os dias 7 e 13 de fevereiro, em 154 postos no Ceará, mostrou que a gasolina está sendo comercializada com preços entre R$ 3,99 e R$ 5,34. Na semana imediatamente anterior, a mínima era de R$ 4,98 e a máxima de R$ 5,27.
Já o diesel, que teve alta de R$ 0,13 nas refinarias (6,2%), está chegando, em média, quatro centavos mais caro ao consumidor final. O preço médio do produto no Ceará é de R$ 3,92, mas pode ser encontrado com valores entre R$ 3,70 e R$ 4,11. Na pesquisa da semana anterior, esse tipo de combustível tinha preço médio de R$ 3,88, com mínima de R$ 3,69 e máxima de R$ 4,09.
O gás de cozinha no Ceará está, em média, dois centavos mais caro que na semana anterior, sendo comercializado a R$ 84,32. Mas não houve alteração nos preços mínimos e máximos que continuam sendo de R$ 75 e R$ 95, respectivamente. Na refinaria, os preços da Petrobras para o botijão de 13 kg foram reajustados em 5,1%.
Na avaliação do economista Marcelo Leite o repasse que foi feito ao consumidor final ainda não reflete o todo. "O mercado de combustíveis é livre para estabelecer seus preços e, normalmente, isso é feito conforme vai havendo a substituição dos estoques. Então este aumento de preços ao consumidor final é gradativo e deve ser sentido com mais força ao longo desta semana”.
E não é só isso. Ricardo Pinheiro Ribeiro, diretor da RPR Engenharia, consultoria especializada em engenharia de petróleo, explica que a Petrobras segue a política de preços internacionais. E o petróleo do tipo Brent, usado como referência, segue em alta. No comparativo entre 31 de dezembro até ontem, o aumento foi de 20%, sendo comercializado a US$ 63,26 o barril.
“E o mercado em geral de petróleo espera novos aumentos até o meio do ano. No caso do Brasil, isso é mais grave porque os reajustes que foram feitos pela Petrobras até agora ainda são menores do que a média praticada no mercado. Ou seja, é esperado um aumento mais forte daqui para frente.”
Para tentar frear a escalada dos preços ao consumidor final, o Governo Federal vem defendendo que os estados reduzam a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incide sobre os combustíveis.
Mas para Ricardo, a medida não vai resolver o problema, já que há um descompasso grande entre a renda dos brasileiros, o câmbio e o Preço de Paridade Internacional (PPI). “Ainda que fossem zerados os impostos, como o PPI e o dólar continuam subindo, em mais dois reajustes, isso já seria superado. O problema, neste momento, é a ideia do PPI. Precisamos ter preços baseados no custo Brasil e não no custo internacional”.
A secretária estadual da Fazenda do Ceará, Fernanda Pacobahyba, faz coro à esta posição. Ela reforça que, diferente da política de preços da Petrobras, a alíquota de ICMS sobre os combustíveis não é alterada há muito tempo. No caso da gasolina está em 27% desde 2006. A do diesel está em 25% desde 1998.
Também pontua que os estados não têm como abrir mão desta fonte de receitas. Hoje, a tributação sobre os setores de combustível, energia elétrica e comunicação representa 45% da arrecadação do Estado.
“Se a sociedade entender que é preciso baixar, tudo bem. Mas é preciso aumentar em algum lugar. Por isso, é muito complicado fazer a discussão tributária só em um ponto e o Governo Federal sabe disso. Precisamos de uma reforma tributária mais ampla”.