Do início da pandemia, em março de 2020, até o mês de janeiro deste ano, o setor de eventos no Ceará já amargou um prejuízo de, pelo menos, R$ 245 milhões. O dado é de um levantamento feito pelo Sindicato das Empresas Organizadoras de Eventos e Afins do Estado do Ceará (Sindieventos-CE), Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc -CE) e Visite Ceará, junto às empresas associadas.
Circe Jane Teles, presidente do Sindieventos/CE, explica que o impacto financeiro levantado pelas entidades leva em conta apenas o volume de recursos que deixou de entrar no caixa das empresas associadas em função do cancelamento ou adiamento de eventos que já estavam previamente agendados no período. A baixa nos empregos é superior a 52%.
"O prejuízo como um todo é muito maior. Em um evento corporativo, por exemplo, cada emprego direto do setor corresponde a outros 30 postos de trabalho indiretos. É uma cadeia produtiva muito extensa. Isso sem falar que 90% das empresas do setor de eventos é formada por pequenas ou microempresas. Ou seja, é muita gente que está passando por dificuldade."
A presidente do Visite Ceará, Ivana Bezerra, explica que, diante do atual cenário, o apelo do setor já não é mais nem pela reabertura imediata das atividades, mas por medidas emergenciais que possam atenuar a crise e assim garantir a sobrevivência das empresas neste período.
"Muitos dos empréstimos feitos no ano passado começam a ser cobrados agora a partir deste trimestre. Mas como vamos pagar se não conseguimos produzir neste período? Impostos que foram parcelados, do mesmo jeito. Isso sem falar que as contas de água, energia, aluguel, continuam chegando. A reabertura é importante? Sim, mas sabemos que não vai acontecer assim, então, estamos falando de sobrevivência, de medidas de socorro mesmo."
Ela reforça que é difícil estimar até mesmo quando se dará o início da recuperação efetiva do setor. Uma vez que, ainda que fosse autorizada a retomada da realização dos eventos, os primeiros meses seriam para cumprir contratos que vêm se avolumando desde o ano passado, mas que não puderam ser realizados. "Não é nem dinheiro novo entrando, são compromissos assumidos antes."
No Ceará, a realização de eventos foi proibida durante o período do lockdown, em março. E apesar do processo de reabertura das atividades econômicas ter iniciado em junho, o setor só foi liberado para funcionar a partir do dia 14 de setembro, com muitas restrições. Em 23 de outubro, um novo decreto voltou a proibir eventos festivos em ambientes fechados. (Irna Cavalcante)