Em março do ano passado, durante o primeiro lockdown, Jefferson Deywis, dono da Benévolo Café e Gelato, com cinco lojas em Fortaleza, fez do limão uma limonada: acelerou a presença no digital, entrou em plataforma de delivery, contraiu empréstimos e recorreu às medidas emergenciais do Governo para tentar minimizar ao máximo os prejuízos e as demissões. Com isso, conseguiu passar pelo período mais crítico e voltar a crescer nas vendas a partir de outubro, o que fez com que terminasse o ano de 2020 com faturamento equivalente ao do ano anterior.

Agora, um ano depois, Jefferson volta a bater cabeça sobre como vai passar as próximas duas semanas com as lojas fechadas. "Desta vez tem o agravante das parcelas do empréstimo que fizemos ano passado e que começam a vencer agora. Não tem mais muito crédito disponível no mercado. E o nosso faturamento já vinha sendo muito afetado pelas restrições de funcionamento, em fevereiro tivemos uma queda de 55%, em relação a janeiro", afirma o empresário.

Mas, apesar de toda a gravidade do cenário, algumas lições, como o controle mais rígido do estoque, ele já aprendeu no caminho. "Antes trabalhávamos com estoque alto e amargamos muitas perdas na primeira onda. Desde então a gente vem operando com o estoque bem regulado para não ser pego de surpresa".

A digitalização também está mais forte. Se antes, representava entre 5% a 8% do negócio, depois da primeira onda, as vendas online passaram a responder por 35% a 40% do faturamento, mesmo com as lojas abertas.

Para conseguir esse desempenho, ele diz que decidiu concentrar as entregas em apenas uma plataforma de delivery para assim usufruir dos benefícios da exclusividade, como, por exemplo, criar bandeiras de loja diferentes com o mesmo CNPJ. "Tem a Benévolo bolos, a gelato, a padaria e o café. Esta segmentação de mix ajuda as pessoas a acharem a gente de maneira mais rápida. Isso sem falar em promoções que não conseguiríamos fazer por conta própria".

Os trabalhos serão concentrados principalmente na matriz, onde também funciona a indústria, para reduzir os custos fixos das outras lojas. 

Também pretende reforçar os outros pontos de venda que foram criados no ano passado, como levar os produtos da marca, como pães, café em pó e café em grãos, para as gôndolas dos supermercados. E ainda o fornecimento de produtos, como pães, para outras empresas como hamburguerias que seguem operando com delivery.

"Não sei se será suficiente para passar por esses 14 dias, que dirá mais tempo. Mas vamos lutar com todas as forças para continuar, não podemos esquecer nosso propósito, do porquê de estarmos no mercado", avalia Jefferson.