Em 1999, o bairro Meireles era conhecido, principalmente, pelos grande hotéis e apartamentos de luxo, mas para Vera Lúcia da Silva havia uma série de novos nichos turísticos a serem explorados, desde o corporativo até o religioso.
Nascia a pousada Aconchego da Praia, na rua Antônio Augusto. Com o crescimento do negócio e as apostas certeiras, o espaço acabou ficando pequeno para acomodar tantos hóspedes e daí houve a necessidade de expandir. Só tinha um problema, o tamanho do terreno. Foi preciso verticalizar e transformar o empreendimento em um hotel, o Três Caravelas.
O tempo passou e, no fim de 2019, a empresária começou a vislumbrar um período difícil. Casada com um italiano, ela logo anteviu que o drama que a nação europeia começava a passar com a Covid-19 seria também a realidade do Brasil.
"Tinha um grupo da Guiana Francesa que viria se hospedar em fevereiro. Eu fiquei muito preocupada. Naquele momento, mesmo sem saber muito como, a gente já começou a adotar alguns protocolos, ainda de forma intuitiva", relata.
Quando, enfim, veio o primeiro decreto fechando quase todas as atividades econômicas no Ceará, mesmo sem proibições à atividade hoteleira, ela se deparou com uma debandada em massa de hóspedes e cancelamentos de reservas.
"As pessoas se desesperaram para voltar às suas casas. Então, correram para pedir antecipação de voo. A gente não tinha nenhuma segurança jurídica naquele momento. As pessoas queriam dinheiro de volta e a gente precisava devolver. Foi desesperador", relembra. Vera acrescenta que o faturamento mensal caiu de uma hora para outra de R$ 100 mil para apenas R$ 8 mil.
Para a pequena empresária, que atua no ramo mais impactado pela pandemia, segundo o Sebrae, a recuperação deve ser muito lenta e o turismo doméstico, incluindo o do próprio fortalezense, deve ser determinante nos primeiros meses do pós-pandemia.