O vice-presidente da Associação Comercial do Ceará, Bruno Iughetti, destaca a necessidade de se ter cautela diante das possíveis especulações sobre aumento de produtos no Estado com o bloqueio no Canal de Suez, principalmente em relação aos combustíveis.

Isso porque o tráfego pelo canal é marcado pelo transporte de cargas e produtos armazenados em contêineres, não sendo uma rota característica no percurso de navios petroleiros. "Com relação a mercadorias de uma maneira geral, evidentemente que os fretes subirão significativamente de preço, tornando-as essencialmente mais caras. Se o encalhe demorar até uma semana, a situação ainda é contornável, mas se ultrapassar uma semana para que haja o desencalhe, aí nós vamos ter um efeito dominó muito forte nos preços", explica.

Consultor no comércio de derivados do petróleo e com experiência em transações comerciais no segmento portuário, Bruno reforça que, com a necessidade de rotas alternativas, os valores finais dos produtos irão subir exponencialmente.

Dentre os itens que podem vir a serem mais intensamente afetados estão aparelhos tecnológicos, bens de consumo e produtos agrícolas. "A variação será muito maior nas mercadorias transportadas em contêineres do que na própria gasolina e demais combustíveis", aponta.

Ele classifica ainda a hipótese "muito remota" de uma superelevação do preço dos combustíveis, que já variaram para cima por sete vezes nas refinarias da Petrobras, em três meses. Destaca, por exemplo, que o comércio destes produtos ocorre de forma mais massiva por outras rotas.

"Nós temos que realmente aguardar, torcemos muito, para que esse navio seja desencalhado o quanto antes, caso contrário ele vai ter um efeito dominó desastroso na economia mundial com absoluta certeza", complementa. (Alan Magno/Especial para O POVO)