Lá pelos lados do Canindezinho, na periferia de Fortaleza, a internet fibra ótica chegou impulsionando negócios pra valer, segundo conta o empreendedor Cícero Moreira, 46. Há 12 anos, ele largou da lojinha de peças e manutenção de bicicletas para investir em uma lan house - novidade e ponto de encontro do pessoal naquela época. Esperto, viu que o negócio dava dinheiro, fez cursos, passou a consertar computadores e, seis anos depois, avançou: fundou a Oxe Telecom.
No começo, "era um projeto simples de internet via rádio, com umas hastes de ferro com a antena na ponta e a gente perguntando se o vizinho conseguia conectar para depois vender internet para ele". Depois, modernizou com as torres e, então, para a fibra ótica. Hoje, a pequena empresa de Cícero atende 1.130 clientes entre os bairros do Canindezinho, Parque Jerusalém, Parque São Vicente, Novo Mondubim e Paraíso Verde ("já perto do Siqueira").
No Ceará, o potencial de desenvolvimento de negócios pela ampliação do acesso à internet não é observado apenas naqueles que se conectam, mas também nos que promovem a conexão. O aumento no número de pequenos provedores, como a Oxe Telecom, levou à periferia um serviço que, em muitas cidades do Brasil, ainda é visto apenas nas áreas nobres.
O perfil dos empreendedores é diverso. O Cícero é daqueles inquietos: "Nunca gostei de trabalhar em empresa. De carteira assinada, eu trabalhei um ano e dois meses, quando trabalhava com serigrafia em uma empresa de confecção, e só".
Mas ele emprega. São cinco pessoas fazendo o trabalho de escritório e manutenção da rede. Uma delas é Andreza Maciel, 26. A aluna de administração orgulha-se de ter conseguido um emprego no ramo de atuação que estuda tão próximo de casa.
Casada, ela leva cerca de dez minutos da casa para o trabalho, enquanto o marido, Fábio Pinto, recorre a dois ônibus e mais de 3h de ida e volta do serviço. "Eu imagino que você tem de trabalhar em um local onde se sente bem. Eu me sinto bem aqui, nós crescemos juntos e acho que devemos crescer mais ainda", diz, confiante do sucesso do negócio de Cícero.
Ela e Gabriela Martins, 18 anos e no primeiro emprego, lidam com a parte administrativa da Oxe Telecom, enquanto Cícero já estuda investir em um novo negócio: energia solar. "Não pode se acomodar num único ambiente porque você fica estagnado naquele local", deixa a dica.