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Nível de atividade econômica no Ceará cai 0,53% em fevereiro
Economia

Nível de atividade econômica no Ceará cai 0,53% em fevereiro

Os dados do Banco Central mostraram que o desempenho da economia cearense ficou aquém da média regional, que registrou em fevereiro, ante janeiro, alta de 0,93%. No Brasil, usando a mesma base de comparação, a alta foi de 1,7%
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Movimentação no comércio na primeira semana da retomada pós-lockdown no Centro de Fortaleza (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Movimentação no comércio na primeira semana da retomada pós-lockdown no Centro de Fortaleza

O nível de atividade econômica no Ceará caiu 0,53% na passagem de janeiro para fevereiro. Em comparação com fevereiro de 2020, a queda é de 0,18%. Os dados do Índice de Atividade Econômica (IBC-R) divulgados, ontem, pelo Banco Central, mostram que a economia cearense está em ritmo mais lento que a média do Nordeste, que apresentou uma leve variação positiva no mês, de 0,93%, frente ao mês imediatamente anterior. E também em relação ao Brasil, que registrou alta 1,7%, na mesma base de comparação.

O IBC-R, considerado uma espécie de prévia do PIB, é utilizado pelo Banco Central para avaliar a evolução mensal da atividade econômica no País. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos.

No caso do Ceará, os dados mostram que até o mês de fevereiro, no acumulado do ano, o desempenho da economia ainda era positivo em 0,16%. Porém, no comparativo de doze meses, a queda chegava a 2,26%.

No trimestre, o indicador apresentou alta de 1,16%, em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 0,75% quando comparado com o mesmo trimestre do ano passado.

Na avaliação do economista Alex Araújo, a queda no nível da atividade econômica no Ceará no mês de fevereiro, ante janeiro, e o ritmo mais lento de recuperação refletem o impacto do fim do pagamento do auxílio emergencial. A última parcela do benefício, referente ao mês de dezembro, foi paga em janeiro.

"O Ceará, muito mais que o Brasil, tem a sua economia ainda muito dependente dos setores do comércio e serviços. E o auxílio emergencial foi em grande medida um impulsionador do consumo nestes setores."

Ele lembra ainda que o mês de fevereiro foi o último antes do segundo lockdown decretado pelo governo estadual para tentar conter o avanço da pandemia. Àquela época, 95% das atividades econômicas estavam funcionando, ainda que com algumas restrições. A partir do 5 de março começaram a vigorar as medidas de isolamento mais rígidas, que foram estendidas para todo o Estado no dia 13 do mesmo mês. O processo de reabertura das atividades econômicas só começou a ser flexibilizado no último dia 12.

Diante desse novo cenário, a tendência é de que o desempenho da economia torne a se agravar nos próximos meses. "E não apenas no Ceará por causa do segundo lockdown. No Brasil, a tendência é de que haja uma piora nos indicadores. A demora na retomada do pagamento do auxílio emergencial, que ocorreu somente neste mês e em um valor menor; a dificuldade financeira das empresas; e a demora em definir novas medidas de socorro como o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) tornam o cenário mais complicado", enumera Araújo.

O mercado financeiro tem revisado para baixo as projeções para o PIB do País em 2021. No mais recente Boletim Focus, do Banco Central, a expectativa para a economia neste ano passou de alta de 3,08% para elevação de 3,04%. Há quatro semanas, a estimativa era de 3,22%.

Para o economista Alexandre Torres, a retomada da economia de forma consistente depende também do avanço no ritmo de vacinação no País. "Enquanto a pandemia não estiver minimamente controlada, os setores econômicos estarão mergulhados em incertezas e sujeitos a muitas oscilações."

 

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