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Após aquisição da Extrafarma, o que esperar da Pague menos?
Economia

Após aquisição da Extrafarma, o que esperar da Pague menos?

| Análise de mercado | Especialistas comentam opções de expansão da rede de farmácias cearenses, da segmentação no varejo farmacêutico até a expansão internacional
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As vendas da Pague Menos tiveram faturamento recorde de R$ 2 bilhões (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita As vendas da Pague Menos tiveram faturamento recorde de R$ 2 bilhões

O salto do terceiro para o segundo lugar na lista das maiores redes de farmácias do Brasil após a compra da Extrafarma por R$ 700 milhões sinaliza inúmeros cenários futuros para a cearense Pague Menos. Além de fortalecer a participação do grupo no Nordeste ao dominar 23,3% do mercado e ampliar a participação no Norte, com 18,9%, a operação sinaliza que a empresa está disposta a expandir e especialistas consultados pelo O POVO comentam caminhos para este objetivo, que vão desde mais aquisições até a chegada ao mercado internacional.

De pronto, como afirma o fato relevante publicado na noite de ontem, 18, as 405 unidades da Extrafarma espalhadas por 11 estados representaram um avanço na expansão da Pague Menos que demoraria 3 anos se feito da maneira orgânica, loja a loja, e reúne R$ 9,6 bilhões em vendas. O avanço demonstra que uma nova aquisição “só é interessante quando tem empresas regionalizadas”, segundo avalia Ricardo Coimbra, presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE) e membro da diretoria da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec).

Com um Centro de Distribuição atendendo dez lojas simultaneamente e os aluguéis iniciais das unidades sendo negociados por seis meses para teste do ponto, Coimbra acredita que o negócio é mais promissor na expansão orgânica. “Mas precisa ver quem são as empresas regionalizadas para serem compradas. Talvez do Sul e Sudeste possam entrar no radar”, observa, indicando locais onde a participação da Pague Menos não é tão forte.

A aquisição de operadores logísticos, laboratórios e também software houses (empresas que trabalham com o desenvolvimento de programas) é um outro caminho que pode ser seguido pela Pague Menos, a exemplo de grandes varejistas brasileiros, como cita Raul Santos, sócio-fundador da Aveiro Consultoria. “A pague menos não tem só rede de farmácia para comprar”, afirma, acrescentando que os negócios agregados ao setor podem dar mais robustez ao negócio principal do grupo.

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“A aquisição da Extrafarma potencializa a nova fase de expansão da Pague Menos. Aceleramos o nosso crescimento e fortalecemos a nossa presença no Norte e Nordeste, bem como no atendimento à classe média expandida brasileira. Estamos preparados para continuar a trajetória da marca Extrafarma em uma região que conhecemos como ninguém, confiantes no potencial de expandir o Hub de Saúde Pague Menos a milhões de brasileiros, e firmes em nosso propósito de fazer com que os nossos clientes Vivam Plenamente”, diz Mário Queirós, CEO da Pague Menos, no comunicado ao mercado.

A afirmação dele fundamenta o cenário indicado por Coimbra, de que a Pague Menos mantenha a marca Extrafarma devido ao seu “valor agregado”, ou seja, à fidelidade conquistada com os clientes. O presidente do Corecon-CE diz ainda que a posse de duas redes tão reconhecidas abre a oportunidade de seguimentar as redes, “com um público mais popular e outro mais elitizado”.

“Se a gente observar algumas fusões recentes, as empresas estão indo nesse direcionamento. Mantendo aquela marca porque tem um valor de mercado. Compra não só o espaço físico, mas o valor da marca, e não pode ser dilacerado. Eu creio que esse deve ser o novo direcionamento da Extrafarma dentro do Grupo Pague Menos”, analisa.

Com a operação das duas redes, o fechamento de unidades que geraria desemprego e o aumento dos preços temidos, respectivamente, por funcionários e clientes não deve acontecer, segundo Raul Santos. Um mercado pulverizado como das farmácias, onde há concorrência com redes menores, e a maturidade do público em pesquisar valores são os motivos apontados por ele para a manutenção dos empregos e a não-elevação dos preços.

Uma possibilidade fora do mercado nacional também é ressaltada pelo sócio-fundador da Aveiro Consultoria. Ele lembra que o Grupo Pague Menos possui 17% nas mãos da General Atlantic, e que o fundo de investimentos deve observar possibilidades para chegar ao exterior, como fez com a também cearense Arcos.

“Temos que lembrar que quem participa do capital da Pague Menos é um fundo americano, e isso pode sinalizar um processo de internacionalização na América do Sul em países de maior estabilidade econômica, isso mais para frente”, avalia.

A presença do grupo é marcada no fato relevante justamente na fase estratégica: “Para a integração das operações, além do apoio de seu time de executivos que acumula experiência em grandes fusões e aquisições de sucesso do varejo no Brasil, a Pague Menos terá a consultoria da McKinsey & Company e o suporte da General Atlantic, como parceiro estratégico”.

Detalhes da compra

Valor: R$ 700 milhões

Transição e pagamentos

- 50% na data de fechamento da transação

- 25% no 1º aniversário da data de fechamento da transação

- 25% no 2º aniversário da data de fechamento da transação.

*A Operação está sujeita à aprovação prévia do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)

Cobertura da Pague Menos

Pague Menos terá mais 405 lojas somadas às 1.105 que já possui

Clube de vantagens

O programa de fidelidade é outro ponto forte do negócio com a incorporação do Clube Extrafarma. Sua combinação com o Programa de Fidelidade Sempre, da Pague Menos, resulta em uma base de clientes ativos de 20 milhões de brasileiros.

Alterações nas lojas da Extrafarma?

Inicialmente, a Pague Menos planeja manter as duas marcas existentes separadamente

 

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