A venda de veículos seminovos e usados no Ceará apresentou um salto de 144,4% em abril, primeiro mês após o lockdown. De acordo os dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), no acumulado de 2021, 93.274 veículos foram comercializados no Estado entre janeiro e abril, número 15,6% maior do que o mesmo período do ano passado, que ainda inclui dois meses em que não houve efeito do vírus na economia.
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De posse dos dados do Denatran, a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto) ainda destaca que a retomada pós-lockdown no Ceará foi disparada a melhor do Nordeste.
Esse movimento no mercado acontece desde a retomada das atividades econômicas em 2020. Empresários ouvidos pelo O POVO, destacam que a demanda na proporção observada era inesperada, o que proporcionou uma queda de estoque de seminovos e usados no mercado.
Esse movimento fez com que os preços desses veículos também subisse. Na edição de ontem, a colunista do O POVO Neila Fontelene destacou até que esse aumento é em média de 12%. O presidente do Sindicato dos Revendedores de Veículos Automotores do Estado do Ceará (Sindivel-CE), Éverton Fernandes, afirma que há um desequilíbrio na oferta de carros usados e seminovos, movimento parecido ao que acontece com a indústria de carros novos.
O efeito em cadeia, destaca, fez com que os preços dos automóveis seminovos ficasse mais valorizado, diminuindo até a média da depreciação, que antes era de 20% ao ano para 15%, segundo os valores da tabela Fipe. O movimento de aumento de preços também percebido no segmento de caminhões e motocicletas, com aumentos que podem até ser superiores aos dos carros.
Apesar da alta dos preços, os consumidores não tem deixado de comprar. Éverton destaca que na pandemia, as famílias que possuiam mais de um carro na garagem se desfizeram do excedente e mantiveram o mínimo para deslocamento, mas, a demanda voltou a crescer baseado na recompra. "As revendedoras estão vendendo relativamente bem para o cenário de pandemia que ainda vivemos, o setor está sofrendo menos por causa da troca da procura de novos - em que há fila de espera que podem durar meses para alguns modelos - para os usados", afirma.
No mercado local, os empreendedores destacam que, se os estoques de seminovos e usados estivesse regular, as vendas poderiam ser ainda maiores. Sávio Torres, proprietário da Savel Veículos, destaca que ele nem os colegas empresários conseguem explicar esse aquecimento do mercado, pontuando como o mais provável a entrada de recursos novos na economia a partir do auxílio emergencial, que movimentou a cadeia de consumo na ponta e refletiu nas diversas cadeias da economia.
"O mercado de seminovos está bem aquecido e estamos até com dificuldades de repor o estoque desde a retomada do mercado. Nem o mais otimista dos empresários imaginaria que isso poderia acontecer. Pensamos de aparecer muitos carros entrando no estoque, de pessoas se desfazendo para pagar contas, achava que haveria quedas de preços no mercado por falta de demanda e sobra de estoque, mas foi o contrário", afirma.
Kaká Leite, proprietário da KF Veículos, destaca que o movimento de vendas foi amplamente impactado por conta do recente lockdown, na ordem de 60% a 70%, mas o investimento nos meios de vendas digitais diminuiu as perdas. "Quando fechamos desta segunda vez, permanecemos com o digital muito forte, 85% das nossas vendas são advindas do online".
Essa venda de veículos seminovos e usados por meio de plataformas online tem se tornado comum no mercado a partir da popularização dos serviços de avalistas, que são empresas especializadas em emissão de laudos que garantem a qualidade do veículo a partir de uma inspeção veicular completa. Caso o veículo comprado ainda chegue com algum problema, o contrato garante o retorno do recurso em 100% do valor do veículo na tabela Fipe.