O país que soma até aqui mais mortes por Covid-19 no mundo, mais de 594 mil, os Estados Unidos é, por outro lado, o oitavo que mais vacinou sua população adulta e comprou o maior quantitativo de doses de vacinas entre todas as nações do planeta: cerca de 1 bilhão. Isso é o suficiente para imunizar três vezes sua população, de aproximadamente 330 milhões de pessoas.
Embora tenha anunciado recentemente a doação de 80 milhões de doses para outros países com dificuldade de adquirir imunizantes, a existência de um claro excedente de vacinas estimulou algumas autoridades estaduais e municipais norte-americanas, especialmente nas grandes metrópoles, a promover ativamente o chamado "turismo de vacinação". Em outras regiões do país, embora não haja uma campanha ostensiva para vacinar turistas, há pouca burocracia para que estrangeiros sejam imunizados.
A notícia logo chegou aos ouvidos de brasileiros com condições de viajar aos EUA, mesmo tendo a necessidade de se fazer uma quarentena de 14 dias em algum país da América Latina. E, claro, também chamou a atenção das agências de viagem. O presidente da Abav-CE, Murilo Santa Cruz, observa que "essa iniciativa norte-americana serviu para 'startar' a retomada da atividade turística. Você pega um voo para Cancún, que tem praias paradisíacas, fica duas semanas lá, depois segue para Miami e consegue a vacina da Jansen, que é dose única, faz suas compras e aproveita as atrações turísticas locais, que já estão reabertas".
Embora a rota Cancún-Miami seja a mais procurada, outros países latino-americanos, especialmente a Costa Rica e a República Dominicana, também são destinos bem procurados. Já em território norte-americano, segundo Camila Fernandes (Tour House), a segunda maior procura é por Nova York. "É um destino mais caro, que pode chegar a até R$ 30 mil, contra R$ 15 mil de Miami. A hospedagem lá costuma ser em acomodações melhores, mas por outro lado é bem fácil se vacinar. A pessoa chega e já pode procurar os postos de vacinação. Alguns podem ser encontrados até em supermercados. E aí você vai lá só com o seu passaporte", explica.
Por sua vez, Renan Silva, da Wee Travel, destaca que "os viajantes estão buscando informações sobre a logística da viagem com o objetivo de tomar a vacina, pré-requisitos para embarque, documentações, tempo de viagem, valor do investimento... Como todos estamos com uma vontade reprimida de viajar, além do objetivo que é se vacinar, o viajante está fazendo o "match" com a oportunidade de vivenciar novas experiências em mais um país que necessita passar os 14 dias antes de entrar nos EUA".