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Em prévia da inflação, Grande Fortaleza registra maior alta entre capitais no Brasil
Economia

Em prévia da inflação, Grande Fortaleza registra maior alta entre capitais no Brasil

|IPCA-15| Alta de 1,08% nos primeiros 15 dias de maio não é fenômeno isolado, segundo especialista. Região Metropolitana também registra maior alta no acumulado do ano
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Carnes acumulam aumento de 30,72% nos últimos 12 meses (Foto: Fabio Lima)
Foto: Fabio Lima Carnes acumulam aumento de 30,72% nos últimos 12 meses

Puxada principalmente por gastos com conta de luz, carnes e medicamentos, a prévia da inflação na Grande Fortaleza, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), teve alta de 1,08%, a maior para um mês de maio desde 2016, quando o indicador chegou a 1,19%.

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Os dados divulgados ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram ainda que, no ano, a alta acumulada é de 4,65%. Variação para cima se repete ainda no acumulado dos últimos 12 meses: 8,99%. Em todos esses cenários, a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) lidera o ranking nacional da inflação. Para o cálculo do IPCA-15 deste mês, os preços foram coletados entre 14 de abril a 13 de maio de 2021 e comparados com aqueles vigentes de 16 de março a 13 de abril de 2021. O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos.

Como destaque negativo na RMF, ficou o grupo 'habitação', com aumento de 2,43%, em grande parte devido ao aumento de 8,27% no valor da energia elétrica. Vale lembrar que, neste mês, passou a vigorar a bandeira tarifária vermelha (patamar 1), que acrescenta R$ 4,16 na conta de luz a cada 100 KWh consumidos. Os preços de alimentação e bebidas também registraram alta expressiva, de 0,81%, com destaque para carnes que subiram 2,83% em maio e acumulam alta de 30,72% nos últimos 12 meses. Quanto aos gastos com saúde e cuidados pessoais, a alta foi de 1,48%, ocorrida especialmente por conta do reajuste dos produtos farmacêuticos, que foi de 3,51%.

De acordo com o economista Alex Araújo, no caso do preço dos alimentos, além das carnes, os derivados do trigo têm sido bastante impactados pelo alto valor do dólar. Outros alimentos não produzidos no Ceará também sofrem o efeito da alta no preço dos combustíveis, que impacta diretamente o valor dos fretes. Esses fatos combinados acabam mantendo a pressão inflacionária na Grande Fortaleza, nos últimos meses.

“Os preços administrados também têm contribuído para a inflação elevada porque foram autorizadas recomposições nos preços de transporte público, energia e, mais recentemente, nos planos de saúde. Inclusive, no acumulado dos últimos doze meses esses itens, incluindo os aluguéis, tiveram impacto até maior do que o das altas nos preços de alimentos e bebidas”, destaca o economista.

Ele acrescenta que ao longo desse período, vale destacar altas pontuais como as registradas em itens de vestuário no mês de dezembro do ano passado e material escolar, em março deste ano. Alex Araújo pontua, ainda, que a RMF vem ocupando as primeiras posições no ranking nacional de inflação há pelo menos cinco anos e lista alguns dos fatores que podem explicar tal fenômeno.

“É uma combinação de três efeitos. O primeiro é que a gente tem aqui no Ceará uma das mais altas alíquotas de ICMS do País. O segundo é a questão da nossa dependência de produtos vindos de outras regiões. E em terceiro lugar, está o fato de a nossa economia ser muito baseada em serviços e isso faz com que o custo de mão de obra tenha um peso relevante”, explica.

Quanto à expectativa para o comportamento da inflação nos próximos meses, o economista observa que ainda há um represamento muito forte de preços no atacado por conta do cenário de crise econômica que mescla preços altos e baixa procura.

“As empresas, em algum momento, repassarão esse custo para o consumidor. Então, é esperado que até julho e agosto, a gente ainda tenha uma certa pressão inflacionária, mas a partir de setembro, elas devem ficar em torno de 0,3%”, projeta. (Colaborou Beatriz Cavalcante)

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