Com piora da pandemia e sem auxílio emergencial no início deste ano, pois começou a ser pago apenas em abril, a atividade econômica do Ceará, medida pelo IBCR-CE, recuou 0,7% no primeiro trimestre de 2021. As retrações mais significativas foram na indústria de transformação, no comércio e nos serviços prestados às famílias, contrapondo o crescimento em construção e transportes.
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A análise é do Boletim Regional (BR), publicação trimestral do Banco Central (BC) que apresenta as condições da economia por regiões e por alguns estados do País. A publicação é utilizada para avaliação do impacto das políticas da Autoridade Monetária sobre os diferentes entes da Federação.
A previsão do boletim é que, para os próximos meses, o aumento da vacinação e a retomada dos pagamentos do auxílio devam contribuir para o retorno do processo de recuperação da economia do Estado, em especial, do setor industrial.
Conforme mostra o documento, a recuperação da atividade econômica no Ceará foi interrompida em fevereiro deste ano, precipitando recuo ainda maior em março. "Era esperada certa acomodação do ritmo de crescimento da economia em cenário de redução dos auxílios governamentais, mas o recrudescimento da crise sanitária amplificou o impacto sobre a economia do estado, principalmente em março", frisa o BR.
Dentre os setores, as vendas do comércio, que apresentaram recuperação rápida dos efeitos iniciais da Covid-19 no ano passado, recuaram no último trimestre de 2020 e, com maior intensidade, no primeiro de 2021, coincidindo, novamente, com a ausência do auxílio emergencial.
A falta do benefício e a piora da pandemia, com o surgimento da segunda onda, ainda impactou o volume de serviços não financeiros no primeiro trimestre, com destaque para o recuo nos serviços prestados às
famílias.
Mas, na contramão, houve aumento em transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio; e serviços profissionais, administrativos e complementares. Conforme o BC, indicadores mais recentes sinalizam retomada do consumo das famílias, com aumento das vendas efetuadas com cartões de débito a partir da segunda quinzena de abril, quando da volta do auxílio.
Em relação às atividades turísticas, dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Ceará (ABIH-CE) sinalizam aumento da ocupação de hotéis e similares em maio.
Já no mercado de trabalho formal, houve aumento dos postos de trabalho em praticamente todos os setores no primeiro trimestre, segundo dados do Caged. Diferentemente do que mostram os dados da PNAD Contínua, que registrou recuperação mais modesta do pessoal ocupado e apenas no quarto
trimestre.
Mesmo com a melhora na ocupação, a taxa de desemprego alcançou 15,6% no último trimestre
de 2020 (1,8 ponto percentual - p.p. - superior ao terceiro trimestre considerando a série com ajuste sazonal).
O impacto maior também se deu na atividade industrial cearense que apresentou, comparativamente ao Nordeste e ao País, retração mais intensa no início da pandemia e recuperação mais expressiva no fim do segundo e início do terceiro trimestre de 2020.
Porém, no primeiro trimestre de 2021, a indústria do Estado destoou do desempenho da Região e do País, com retração acentuada em fevereiro e, principalmente, em março, resultando em diminuição de 7,1% na média do trimestre. Os segmentos artigos de couro e calçados e bebidas apresentaram as maiores reduções no trimestre.
Mas a fabricação de produtos de metal cresceu, com aumento da demanda interna. "O desempenho negativo da produção repercutiu na confiança dos empresários que recuou no trimestre encerrado em abril, mas com pequeno aumento no mês, sinalizando possível melhora do setor no curto prazo", aponta o Banco Central.
O saldo das operações de crédito no Estado, no primeiro trimestre do ano, registrou crescimento no segmento de pessoas físicas e estabilidade no de pessoas jurídicas. O aumento do crédito consignado e do financiamento imobiliário impulsionaram os empréstimos às famílias.
A balança comercial cearense assinalou aumento das importações e redução das exportações no primeiro
quadrimestre do ano. Os maiores crescimentos nas compras foram em bens de capital e bens intermediários. Nas vendas, destaque para a retração de semimanufaturados, especialmente de ferro ou aço, com parte da produção direcionada para o mercado interno.