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Novo acionamento de térmicas deve manter energia mais cara até o fim do ano
Economia

Novo acionamento de térmicas deve manter energia mais cara até o fim do ano

Sem água suficiente para gerar energia, País deve acionar usinas de custo mais caro para o consumidor
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UTE terá dois períodos de manutenção programada, em maio (Foto: Antonio Azevedo/Divulgação)
Foto: Antonio Azevedo/Divulgação UTE terá dois períodos de manutenção programada, em maio

A bandeira vermelha patamar 1 acionada em maio e já prorrogada para junho em patamar 2 deve permanecer até o fim do ano, tornando a tarifa de energia elétrica ainda mais cara, segundo avaliam especialistas ouvidos pelo O POVO. O motivo do encarecimento está no baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, o que torna preciso o acionamento das usinas termelétricas, cuja geração é cerca de 4 vezes mais cara que a hidrelétrica e até dez vezes mais que a solar ou a eólica.

O Operador Nacional do Sistema (ONS), inclusive, já solicitou a todas as empresas detentoras de usinas térmicas um levantamento para saber as condições de geração de cada unidade, o que sugere um acionamento em cadeia a partir da necessidade, segundo explica o professor e consultor da área Paulo Mamede. “O ONS procura as térmicas em operação para diminuir a vazão das barragens. Agora, acionou térmica, vai colocar bandeira vermelha faixa 1 ou 2. Não há como (fugir desse modelo), porque não pode esgotar as barragens”, analisa.

Mamede valoriza o modelo que tem nas térmicas uma matriz suplente para a hídrica e ainda não existia em 2001, quando aconteceram os apagões em todo o País e foi preciso fazer racionamento. “E esse ano devem funcionar todas, das movidas a gás até as de carvão”, alerta Jurandir Picanço, consultor de energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis.

No entanto, apesar do cenário de crise hídrica e maior custo para a geração, os dois rechaçam a possibilidade de apagões ou mesmo racionamento no País. A consideração deve-se justamente ao apoio das térmicas, que hoje representam 25,04% da matriz energética brasileira – contra 58,09% das hidrelétricas, 10,32% das eólicas e 1,86% da solar.

Perguntados sobre uma mudança neste modelo que precisa acionar fontes mais caras e poluentes, Mamede e Picanço afirmaram não haver soluções no curto prazo. Até mesmo as de longo prazo, como o tão falado hidrogênio verde, são mencionadas por eles com condicionantes – vide o maior interesse na exportação do gás e o uso diverso, que vai desde a geração elétrica ao uso em indústrias siderúrgicas e cimenteiras.

Evitar o acionamento das térmicas a partir de uma gestão melhor das barragens de hidrelétricas e tornar a matriz renovável mais robustas são as dicas de Mamede e Picanço, respectivamente. Até lá, o consumidor continua pagando R$ 3 a mais na conta de energia para cada 100 quilowatts-hora consumidos, no caso da bandeira vermelha patamar 1, ou R$ 5 para cada 100 quilowatts-hora para a de patamar 2.

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