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Com novo cabo submarino, Ceará amplia oportunidades de negócios com a Europa
Economia

Com novo cabo submarino, Ceará amplia oportunidades de negócios com a Europa

Fibra óptica | Além de ampliar para 16 a infraestrutura de conexões partindo do Ceará, o novo cabo submarino, da EllaLink, pode beneficiar setor de tecnologia, atração de investimentos estrangeiros e acelerar relações institucionais com os países membros da União Europeia
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cerimônia de inauguração do novo cabo submarino da EllaLink que vai conectar Fortaleza à Sines (Foto: divulgação)
Foto: divulgação cerimônia de inauguração do novo cabo submarino da EllaLink que vai conectar Fortaleza à Sines

Com a entrada em operação ontem do novo cabo submarino EllaLink, que vai interligar Fortaleza à Sines, na Europa, o Ceará passa a ter 16 cabos submarinos em funcionamento. É o segundo maior centro de conexões submarinas por fibra óptica no mundo. Perde apenas para o Japão. Porém, não é apenas o setor de infraestrutura em telecomunicações que pode ser beneficiado com o investimento. Especialistas acreditam que essa nova conexão direta com a Europa pode impulsionar a indústria de tecnologia no Estado, atrair mais investimentos estrangeiros, bem como acelerar parcerias institucionais em outras áreas com os países membros da União Europeia.

Esse será o primeiro cabo submarino, de geração mais moderna e de alta capacidade, que fará conexão direta entre o Brasil e a Europa. Antes os dados precisavam passar primeiro pelos Estados Unidos. Com investimento de quase R$ 1 bilhão, o cabo, construído pela Ellalink, tem 6 mil quilômetros de extensão, e capacidade de proporcionar tráfego de dados a 72 Terabits por segundo (Tbps) e latência de 60 milissegundos.

A infraestrutura do projeto passa ainda pela Guiana Francesa, Ilha da Madeira, Ilhas Canárias e Cabo Verde. No Brasil, além da rota pela água, haverá conexões por terra que devem ligar o cabo a estados como São Paulo e Rio de Janeiro.

O processo de instalação do cabo em Fortaleza, na área da Praia do Futuro, foi concluído em dezembro do ano passado. Uma das promessas da Ellalink é de que a nova conexão reduza em até 50% a latência, como é chamado o tempo de resposta na transmissão de dados entre os dois continentes. “Foram dez anos de trabalho árduo, da ideia inicial ao dia de hoje, uma aventura humana que envolveu muitos profissionais, e agora vamos conectar os dois continentes pelos próximos 25 anos, por meio de uma infraestrutura moderna”, afirmou Philippe Dumont, CEO da EllaLink .

Porém, a possibilidade de transferir dados em alta velocidade é apenas um dos aspectos do investimento. Embora a empresa tenha investido 150 milhões de euros na construção submarina, a Comissão Europeia contribuiu com 25 milhões de euros e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) do Brasil com outros 8,9 milhões de euros.

Há um plano maior por trás do projeto. A própria cerimônia de inauguração do 'EllaLink' integrou o evento "Leading the Digital Decade" [Liderar a Década Digital], coorganizado pela presidência portuguesa e pela Comissão Europeia, com a presença de representantes de vários Estados-membros da UE, além de representantes do setor privado e da sociedade civil.

Cerimônia de inauguração do novo cabo submarino da EllaLink que vai conectar Fortaleza à Sines
Cerimônia de inauguração do novo cabo submarino da EllaLink que vai conectar Fortaleza à Sines (Foto: Divulgação)

O governo brasileiro foi representado no evento pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcos Ponte, que destacou que o cabo submarino vai abrir oportunidades nos negócios entre Europa, Brasil e América do Sul em geral.

Em entrevista exclusiva ao programa O POVO no Rádio, da rádio O POVO CBN, o embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybañez, corroborou essa fala, enfatizando que esse é um projeto ambicioso que pode abrir oportunidades em diversas áreas. “O cabo vai servir para reforçar a cooperação na pesquisa, na educação e também na cooperação entre as empresas europeias e as empresas brasileiras e, do próprio conjunto da América Latina. É um dia muito feliz e, particularmente, também para o Ceará.”

Para o secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado do Ceará (Sedet), Maia Junior, embora o acordo com a EllaLink esteja limitado ao cabo submarino, sem a construção de um datacenter no Estado, diferente, por exemplo, do que ocorreu com a Angola Cables, em 2018, a economia cearense tem muito a se beneficiar desta nova estrutura. “Por ser mais recente, esse cabo chega com muito mais tecnologia e capacidade do que seus antecessores e é uma alternativa a mais de conexão direta com a Europa.”

Ele explicou que, nos últimos anos, o governo estadual tem feito um grande esforço para criar mecanismos que possibilitem que o Ceará não seja apenas um local de passagem para os cabos submarinos, mas sim um hub tecnológico, que possibilite fomentar uma nova economia, atrair novas empresas, avançar na qualificação de profissionais na área, em pesquisas e na própria estrutura do Cinturão Digital.

“O Ceará há quatros anos não tinha nenhum datacenter, hoje temos quatro e estamos negociando mais dois. Grandes empresas privadas de tecnologia como Google, Microsoft e IBM têm escritórios no Estado. E nossas empresas locais provedoras de internet, como Brisanet, Wirelink e Mob Telecom, que cresceram com o Cinturão Digital, hoje estão com forte atuação no Nordeste", exemplificou.

Além desses 16 cabos submarinos em operação, há ainda mais dois cabos, que estão sendo construídos pela Saex e Alcatel, que devem ser inaugurados neste ano.

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