Um projeto que movimenta US$ 5,4 bilhões na instalação e promete atender setores industriais dos mais ricos do planeta também deve pagar muito bem aos profissionais. Os professores e os especialistas ouvidos pelo O POVO apontam salários iniciais que giram em torno de R$ 3 mil para cargos técnicos e superam os R$ 10 mil em funções-chave da produção. Valores que estão bem acima da média salarial industrial do Ceará, que é de R$ 1.759, e podem chegar a ser mais elevados, dependendo da formação do contratado.
"Em conversas com várias instituições, empresas e foi dito pelo próprio Marco Stacke, diretor de operações da Enegix, que os salários são bem mais altos do que a média industrial", recorda Paulo André Holanda, diretor regional do Senai Ceará.
Os salários mencionados são equivalentes aos já pagos pelas empresas de geração de energias renováveis, como compara o professor Edilson Mineiro, do IFCE e do programa Cientista-Chefe da Funcap. Ele conta que a migração de técnicos e engenheiros de alguns setores da indústria cearense para a de parques eólicos já é observada ainda quando este pessoal está na academia.
"E o mais interessante é que eles saem de áreas metropolitanas, até de Fortaleza, e vão para os interiores, que é onde estão os parques", ressalta o professor sobre a forma como isso movimenta a economia de regiões afastadas da Capital, que recebem mão de obra qualificada e bem paga.
Mas há exceções nesta folha de pagamento cujo salário pode ser bem maior e isso depende essencialmente da formação do profissional, segundo observa o professor Fernando Ribeiro, presidente do Parque Tecnológico da UFC. Ele reforça que o conhecimento adquirido e a demanda da empresa por esta expertise são determinantes para a definição do pagamento.
"É possível enxergar isso na construção civil. O engenheiro civil que tenha experiência vai ganhar R$ 15 mil, na média. Mas os técnicos também são bem remunerados. Em determinadas atividades, há técnicos que ganham duas vezes mais do que o engenheiro. Caso das empresas que têm guindastes, quem opera esses equipamentos ganha R$ 18 mil ou R$ 20 mil, porque estão operando um equipamento que custa R$ 3 milhões. Então, tem que pagar bem para a pessoa operar bem", conta.
No entanto, ele pondera sobre a animação referente à construção, onde a contratação de profissionais deve ser feita em maior volume. Isso porque as empresas de fora do País, geralmente, subcontratam construtoras brasileiras para conduzir as obras. Na prática, isso significa manter a média salarial já existente no mercado cearense.
A dica dos três é investir em formação profissional nos próximos anos e focar nas possíveis atividades necessárias para desenvolver o hub de hidrogênio verde no Ceará, garantindo, assim, um bom nível de conhecimento e salário elevado.