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BATE-PRONTO COM O ECONOMISTA LAURO CHAVES NETO
Economia

BATE-PRONTO COM O ECONOMISTA LAURO CHAVES NETO

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Para o economista Lauro Chaves Neto, o pedido de abertura de capital da Brisanet gera repercussões tanto para a própria organização como para o mercado cearense. Ele defende ainda a oportunidade de investidores do Estado serem sócios de empresas locais. "As pessoas físicas cearenses que possuem investimentos podem e devem começar a pensar em botar uma parte de seus recursos nessas empresas que estão abrindo capital. Assim você passa a ser um sócio minoritário de um Hapvida, Brisanet, Pague Menos. Uma oportunidade dos cearenses serem sócios de empresas cearenses", aconselha. Segue entrevista completa. 

O POVO - Como o senhor avalia o cenário de uma nova fila de ofertas iniciais de ações no Brasil, da qual faz parte a Brisanet?

Lauro Chaves - A diversificação da estrutura de capital é muito importante para o desenvolvimento brasileiro. E pensar que não temos nem 400 empresas listadas na Bolsa (B3). A abertura das empresas possibilita ainda mostrar aos acionistas tudo que está acontecendo, seus planejamentos, e com isso você melhora toda a governança da organização. Este ganho é dos maiores quando temos uma economia onde o mercado de capitais participa ativamente do financiamento das empresas. Você pega o exemplo do Ceará, você tem a Brisanet, a Pague Menos, a Arco (Educação), a M. Dias Branco, são muito poucas empresas (já na bolsa ou prestes a entrar), se conta nos dedos. Isso é um gargalo muito grande para o nosso desenvolvimento.

OP - Quais os benefícios para o Ceará de ter mais uma empresa cearense indo para a B3?

Lauro - Isso gera um impacto porque você começa a ter um efeito demonstração. Essas empresas vão também ganhando um protagonismo regional e nacional e isso incentiva outras empresas a procurarem a diversificação do capital. Mas o processo de abertura de capital ainda é muito inacessível aos pequenos negócios e enquanto isso não for mudado é muito difícil você massificar o mercado de capitais no nosso país.

OP - Olhando para a Brisanet, o que a empresa ganha com essa abertura nesse momento?

Lauro - A Brisanet é uma empresa que nasceu pequena, que é sediada em uma cidade pequena do Interior e que tem a sua frente o brilhantismo de um empreendedor nato (José Roberto Nogueira). Com a abertura de capital, ela vai ganhar fôlego para competir em um patamar acima, deve entrar em novos mercados territoriais ou mudar o patamar das tecnologias. A tecnologia 5G está vindo aí. Quando se tem a abertura de capital é possível financiar toda essa inovação que a empresa precisa para permanecer competitiva em um mercado tão dinâmico como esse de atuação da Brisanet.

OP - Que outras empresas cearenses podem vir a percorrer o mesmo caminho da Brisanet em direção à Bolsa?

Lauro - Na economia cearense temos alguns setores tradicionais, como a construção civil, têxtil, metal-mecânico. E temos alguns setores inovadores, como de energias renováveis, economia do mar, da saúde. Então nesses últimos setores se tem mais chances de emergirem novos players de uma maneira mais rápida.

OP - Será possível superar os lançamentos de ações no Brasil em 2020, de R$ 129 bilhões, em 2021?

Lauro - Já temos os grandes bancos internacionais aumentando a expectativa de crescimento para a economia brasileira. O nosso mercado de capitais ainda é muito pequeno, então, ainda temos um potencial de crescimento muito grande para IPOs. Isso pode ajudar a dinamizar a economia brasileira, não só com a atração de investimentos estrangeiros, como na melhoria da governança das empresas brasileiras.

Lauro Chaves, professor de Economia da Uece e consultor de empresas.

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