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Após decreto, escolas particulares retomam aulas presenciais no ensino médio
Economia

Após decreto, escolas particulares retomam aulas presenciais no ensino médio

| DECRETO | Ensino público estuda retorno presencial a partir do próximo semestre
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LEI ESTADUAL foi sancionada em maio, em razão das dificuldades econômicas trazidas pela pandemia do novo coronavírus (Foto: Fabio Lima)
Foto: Fabio Lima LEI ESTADUAL foi sancionada em maio, em razão das dificuldades econômicas trazidas pela pandemia do novo coronavírus

Escolas do Ceará, com exceção da macrorregião do Cariri, já podem ter aulas presenciais em todas as séries do ensino médio a partir desta segunda-feira, 14. A novidade, anunciada na última semana para o novo decreto, é resultado de discussões do Comitê Estadual de Enfrentamento à Pandemia. Anteriormente, o ensino estava permitido para turmas até o último ano do ensino fundamental.

Após o anúncio na última sexta-feira, escolas acompanhadas pelo O POVO realizaram sondagens com os alunos e pais, para saber quais deles já desejavam retornar presencialmente e os que ainda preferem manter o ensino remoto — direito garantido pela publicação. No Colégio Christus, por exemplo, os alunos só poderão frequentar as salas de aula novamente a partir da terça-feira, após a conclusão da pesquisa feita com os responsáveis e a determinação da logística de funcionamento de cada turma.

Diretora de uma das unidades da instituição, Yluska Aquino explica que caso a quantidade de alunos interessados em retornar ao colégio supere a quantidade permitida em decreto, a escola precisa trabalhar com o esquema de rodízio. Divididos em dois grupos distintos, os estudantes entram em um ensino híbrido e revezam para definir quem acompanhará as aulas virtualmente ou no local.

Publicado neste sábado, 12, o novo decreto estadual define que a ocupação máxima das salas é de 50% e as atividades deverão ser desenvolvidas preferencialmente em ambientes abertos, com respeito ao distanciamento. "Desde o ano passado, a gente fez treinamento e tem implementado esse modelo em outras séries, (a retomada do ensino médio) é uma continuidade do que já estamos fazendo. Desde o começo, lidamos com essa modificação do espaço físico, por exemplo, que garante o distanciamento social seguro", esclarece a diretora.

Para a estudante Sarah Maria Leite, 16, a oportunidade de retornar ao ensino presencial torna o aprendizado bem mais fácil, devido ao contato mais próximo com o professor e os alunos, ainda que obedecendo às condições determinadas. "Eu sei que não vou poder voltar abraçando, mas só de estar no mesmo ambiente vai ser uma alegria muito grande", celebra.

Também com início das aulas marcado para terça-feira, ela diz que sua escola já comunicou sobre o que deve ser seguido. "É aquilo que a gente já sabe, precisamos usar máscara, distanciamento... É melhor voltar com todos esses cuidados do que não voltar", ressaltou, lembrando ainda da importância vacinação dos professores, mesmo que com somente uma das duas doses. "A gente se sente mais seguro, mais confortável com eles", enfatiza.

Encarando o desafio de ministrar aulas remotamente desde o início da pandemia, o professor de História Mariano Junior diz que a retomada no ensino médio é um "misto de sentimentos". Por um lado, há a esperança de retorno à normalidade, mas por outro continua o receio da contaminação. "Todo mundo só vai tá bem quando pelo menos 70% da população estiver vacinada. Seria muito egoísmo pensar que por ser da educação e estar vacinado as coisas estão bem. Elas não estão", reforça.

Ele lembra que os familiares devem exercer um papel fundamental neste momento, com zelo pelos filhos e por si mesmos. "A frase que deve ser mantida é 'a pandemia não acabou'. Não podemos liberar os alunos como se nada mais estivesse acontecendo", frisa. Ele considera ainda acertada a decisão de só retomar as aulas com a imunização dos professores. "As tentativas de voltar sem vacina eram inviáveis, não eram adequadas", pondera.

Como forma de conscientização, as conversas sobre a necessidade de cuidados entraram na rotina de uma médica e mãe de aluna do ensino médio. Manuela, como preferiu se identificar, tem explicado à sua filha a importância de todos os protocolos. "No novo mundo haverá o novo coronavírus e por muito tempo", defende. Ela discorda, porém, da necessidade de vacinação para retorno às aulas. "Não tem justificativa para esse problema criado, houve um prejuízo grande para a sociedade", lamentou.

Com a volta, Mariano projeta que os alunos devem apresentar maior desempenho e interesse pelo conteúdo transmitido, devido ao entusiasmo de estar de volta ao ambiente escolar. O professor ressalta ainda que, apesar de não ser o ideal, o ensino remoto também trouxe ganhos para educação e várias experiências devem permanecer mesmo depois da pandemia.

Andréa Nogueira Sales, diretora do colégio Deoclécio Ferro, no Parque Araxá, celebrou que a liberação para retomada aconteceu antes das férias escolares. Para ela, o período inicial será usado para escutar o aluno e reintegrá-lo ao convívio na escola. "Há estudantes que perderam parentes, precisamos fazer uma avaliação diagnóstica para saber como estamos recebendo esses alunos e começar a planejar como será o próximo semestre", destaca.

Ela considera importante ter atenção ao emocional dos alunos, além do processo de aprendizado. Durante o período exclusivamente remoto, defende ela, a escola já estava realizando palestras com psicólogos para dar apoio aos estudantes e isso deve se intensificar presencialmente. "Alguns alunos do ensino médio completaram 454 dias ausentes da sala de aula. Isso trará um prejuízo que a escola vai ter que superar, lidar com as lacunas que foram deixadas", enfatiza.

 

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