Considerado um vilão da inflação, desta vez, o dólar alto não é o principal responsável pela elevação dos preços dos combustíveis no Brasil. Apesar de ter fechado o dia em alta ontem, 6, cotado a R$ 5,21, a moeda americana acumula deflação de 2,8%, em relação à janeiro. Já o preço do barril do petróleo no mercado internacional em igual período subiu cerca de 40%. A baixa produção no Golfo do México e o reaquecimento da economia global têm exercido forte pressão nos preços do mercado internacional.

O engenheiro e consultor Ricardo Pinheiro explica que, como este é um mercado altamente concentrado - a produção está, sobretudo, em países árabes e na Rússia -, os produtores acabam ditando os preços. "Por ter forte presença no mercado, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo costuma controlar os preços e as regras internacionais. Com o aumento da demanda, em função da retomada da economia, principalmente na Europa, EUA e Ásia, há oportunidade para elevação".

Ele lembra que no Brasil há forte pressão dos importadores de petróleo, que pressionam a Petrobras pelos reajustes porque "o petróleo importado é atualizado quase que diariamente, o que o torna muito mais caro que o nacional, e isso prejudica os importadores".

"O consumidor sempre vai sair perdendo porque vai acumular uma defasagem cada vez maior em relação aos derivados de petróleo, pois os salários não acompanham nem de perto esta evolução", diz, afirmando que isso é efeito da economia brasileira "dolarizada".