Mesmo com um percentual considerável de pessoas resistentes à ideia de se vacinar e com atrasos nas entregas de lotes de imunizantes, o ritmo de vacinação contra a Covid-19 no Ceará e no Brasil acelerou no mês de julho. Calcula-se que a média diária de doses aplicadas é atualmente 7,5 vezes maior que no primeiro mês da campanha nacional de imunização.
LEIA TAMBÉM | Ceará tem 16,59% da população vacinada contra a Covid-19
Esse avanço e a percepção crescente entre o empresariado de que a retomada econômica somente pode acontecer com a vacinação completa da população tendem a impulsionar ações e promoções voltadas para imunizados. Raul dos Santos, sócio-fundador da Aveiro Consultoria observa que "as empresas têm um ecossistema que é formado de fornecedores, clientes e colaboradores e, apesar de avanço tecnológico, ainda existe uma dependência muito grande na circulação de pessoas. Então, as empresas que têm incentivado esse processo de vacinação estão nada mais do que tentando colaborar com a melhora do ambiente de negócio".
Ele afirma, contudo, que tanto empresas quanto consumidores precisam ficar atentos a essas iniciativas. "Quem tem intenção de entrar com uma campanha para promover uma conscientização maior para a vacinação tem de estar bem atento ao público-alvo e tomar cuidado para não dar um ar de discriminação a esse processo, já que hoje é muito perceptível esse tipo de coisa", alerta. Por outro lado, segundo Santos, "os consumidores devem buscar entender por qual razão esse processo de vacinação é importante e por que essas empresas estão se posicionando a favor disso".
Para além dos brindes, descontos e promoções para clientes, algumas empresas estão também dando incentivos para que seus colaboradores se vacinem. Outras, de forma mais polêmica, têm aplicado algum tipo de reprimenda àqueles que resistem à ideia de se imunizar. Adriana Bezerra, fundadora da Flow Desenvolvimento Institucional adverte que "a punição com advertências, suspensão, demissão não irá ampliar o olhar da pessoa que se recusa a tomar a vacina. Acredito mais no diálogo, no esclarecimento, na educação como caminho consciente e, consequentemente, duradouro."
"Medidas extremas podem ser adotadas, como o caso julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, que confirmou, em segunda instância, a demissão de uma funcionária que se recusou a tomar a vacina, alegando que o interesse pessoal não pode prevalecer sobre o coletivo. Porém, vale atentar para as consequências e impactos no clima de trabalho, devendo a empresa adotar alguma ação interna para minimizar os possíveis danos, principalmente o medo e a insegurança", frisa.
Por outro lado, o estímulo à vacinação com algum tipo de vantagem ou benefício para o colaborador imunizado é visto pela especialista como uma questão da cultura de cada organização. "A ideia de as empresas adotarem campanhas de educação e conscientização dos colaboradores para a importância da vacinação é fundamental. E quanto à forma usada para fazer isso, não tem certo nem errado. Tem a forma aderente ao 'jeito de ser' da empresa", defende.